Tendência é que o produtor continue bem remunerado e recupere capacidade de investir na lavoura.
As chuvas registradas em janeiro fizeram com que a produtividade das lavouras de batata-inglesa, no Sul de Minas, retraísse cerca de 15%. Com as perdas e a oferta restrita, os preços em plena colheita estão em alta, permitindo que os bataticultores tenham retorno do investimento feito na cultura, o que poderá incentivar o aumento do plantio da segunda safra do produto. Em relação a igual período da safra passada, a alta nos preços pagos aos produtores está em torno de 25%.
De acordo com o presidente da Associação dos Bataticultores do Sul do Estado de Minas (Abasmig), José Daniel Rodrigues Ribeiro, a recuperação dos preços é fundamental para o setor, que há dois anos trabalha com a cotação bem próxima aos custos e com perdas elevadas na produção.
“Nos dois últimos anos, os preços pagos pela batata ficaram abaixo do esperado e muitos produtores tiveram prejuízos, limitando os investimentos na produção. A situação foi agravada, também, pela falta de chuvas no ano anterior. Com os preços atuais, a tendência é que o bataticultor seja remunerado e recupere a capacidade de investir. Isso é importante para termos uma produção de melhor qualidade e para manter o produtor ativo”, avalia.
Ainda segundo o representante da Abasmig, a saca de 50 quilos da batata é negociada entre o mínimo de R$ 90 e o máximo de R$ 120, valor que varia conforme a qualidade, o tamanho e a espécie plantada. Em igual período do ano passado, o mesmo volume era comercializado em torno de R$ 80. O mês de janeiro, normalmente, é marcado por preços mais baixos para o produto, já que é o período de pico de colheita.
A recuperação dos preços deixa o setor otimista, uma vez que os custos de produção estão mais elevados. De acordo Ribeiro, os gastos com o cultivo da primeira safra de batatas no período 2015/16 ficaram 20% superiores aos registrados em igual período anterior. Além da desvalorização do real frente ao dólar, o que elevou os gastos com insumos importados, os custos com energia elétrica, combustíveis e mão de obra também contribuíram para elevar os gastos com a cultura.
A área destinada ao cultivo da batata na primeira safra do ano foi ampliada em 12%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ao todo são 9,5 mil hectares ocupados, frente aos 8,5 mil utilizados em igual safra anterior.
Produtividade - A produtividade estimada para o atual período, que não utiliza irrigação, é de 30 toneladas por hectare, mas neste ano está 15% menor em função das chuvas, que além de impedirem a colheita também prejudicam a qualidade final da batata. Levando-se em conta a queda na produtividade registrada até o momento, a produção na primeira safra no Sul de Minas deve atingir 243 mil toneladas.
Ainda segundo Ribeiro, os preços recebidos pelos bataticultores poderão incentivar o plantio da segunda safra, porém, com o dólar valorizado, a importação de batatas sementes pode ser prejudicada. Para a implantação da primeira safra do ano, feita no final de 2015, o volume importado de sementes retraiu 46%. No período, a saca de sementes de 25 quilos que antes era negociada a R$ 160, foi cotada a R$ 200, aumento de 25%.
"Os preços recebidos até o momento estão favoráveis para o setor e poderá incentivar o aumento do plantio na próxima safra. Mas tudo dependerá dos preços da batata semente, que vem se tornando proibitivos nos últimos anos. O risco com a cultura é grande, em função do tempo, e isso deixa o produtor cauteloso”, explica Ribeiro.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG