Na semana retrasada antecipamos aqui na coluna alguns dados da pesquisa feita pela agência de publicidade McCann Erickson sobre o perfil de consumo da Classe C brasileira. O estudo completo, divulgado na última quarta-feira, mostrou que esse segmento não se classifica como pobre e sim como uma classe média baixa. Essas pessoas não passam fome, embora também não tenham dinheiro sobrando. O que eles querem é manter as conquistas dos últimos anos, consumir sem preocupação e ter acesso às coisas boas, o que antes era privilegio da elite nacional.
Mas enganam-se os que pensam que a classe C brasileira quer ter a mesma vida que a classe A. Mesmo melhorando de vida, 53% dos entrevistados continuariam morando no mesmo bairro. Eles também rejeitam produtos e lugares considerados chiques demais. Ou seja, querem comprar mais sem deixar de ser o que eles são. Isso coloca por terra o argumento usado por muitas marcas, que mostram pessoas e locais chiques nas suas propagandas, por achar que os mais humildes almejam alcançar o mesmo estilo de vida.
Crédito para esse segmento é muito importante para viabilizar os sonhos de consumo. Porém, 81% dos entrevistados têm vergonha de tomar empréstimos, 91% acham o processo de credito burocrático demais e 70% sentem falta de mais informações sobre como usar o cartão de credito.
Com base nos dados dessa pesquisa, a McCann está criando uma nova agência, chamada Bairro, exclusivamente para atender clientes interessados em falar com o consumidor popular. Provavelmente terá trabalho para atrair clientes. Afinal, ainda hoje, são inúmeras as empresas que vivem a ‘Vergonha da Classe C’, ou seja, a miopia de querer fazer negócios exclusivamente com os endinheirados no Brasil.
Veículo: Gazeta Mercantil