As enchentes de novembro em Santa Catarina tiveram dois efeitos distintos no setor portuário do Estado. Os portos localizados na área atingida sofreram com queda de movimentação maior do que teriam se estivessem apenas sob efeitos da crise econômica. Mas, por outro lado, a situação beneficiou outros portos catarinenses, que receberam parte das cargas daqueles que foram afetados pelas águas, registrando aumento de movimento em plena crise econômica.
Os portos de Navegantes e Itajaí registraram nos últimos meses queda de movimentação porque perderam com as enchentes parte da profundidade do canal de acesso que compartilham. Em Itajaí, a situação foi ainda mais grave porque dois berços de atracação também foram destruídos. Já nos portos de Imbituba e São Francisco do Sul, ainda que tenham começado a sentir alguma diminuição de movimentação entre setembro e outubro pela conjuntura econômica, houve aumento de demanda.
"A queda de movimentação por conta da crise acabou sendo amenizada pela migração de cargas de Itajaí", disse o presidente do Porto de São Francisco, Paulo Corsi.
Em São Francisco do Sul, houve queda no total de cargas movimentadas a partir de setembro, com o estouro da crise econômica, mas isso mudou em novembro, após enchentes. Em setembro, a redução de movimentação total em São Francisco foi de 18% em relação ao mesmo mês do ano anterior, e em outubro, o recuo chegou a 29%. No entanto, em novembro, após as enchentes, houve aumento do total de movimentação de 4%, tendência que se manteve até fevereiro.
No Porto de Itajaí, o cenário foi inverso. A movimentação mensal, que ficava entre 450 mil toneladas e 500 mil toneladas até outubro, despencou para apenas 41 mil toneladas em dezembro, após a tragédia. Em fevereiro, houve recuperação para 86 mil toneladas, mas o porto ainda está operando com apenas um terço da sua capacidade normal. No mês passado, o registo de uma movimentação melhor do que dezembro ocorreu pelo avanço das obras de dragagem.
Segundo Leônidas Ferreira, gerente de estatística, essas obras têm previsão de conclusão em abril, depois que novas chuvas nas últimas semanas na região adiaram o cronograma de finalização em março. Apesar dos problemas em Itajaí, Ferreira diz que a meta é conseguir recuperar neste ano o patamar de movimentação de 2008, principalmente a partir do segundo semestre, quando as obras de reconstrução dos berços estarão concluídas e, possivelmente, também haverá um cenário econômico melhor.
Já em Imbituba, no sul do Estado, a previsão é de crescimento para este ano na movimentação, mesmo com a crise mundial. Além da migração de algumas cargas também de Itajaí, o porto está recebendo novos investimentos, informou o diretor de operações da Santos Brasil, Antônio Carlos Sepúlveda. A Santos Brasil passou a operar o terminal de contêineres em Imbituba em março do ano passado e neste ano o calado foi ampliado de 9 metros para 11 metros, o que permite a entrada em operação de novas linhas. A empresa informou que mantém a meta, para 2013, de movimentar em Imbituba 570 mil TEUS. Em 2008, ela movimentou 15 mil TEUS.
Veículo: Valor Econômico