Crise barateia etiqueta e abre novos mercados

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Fabricantes de etiquetas para roupas enfrentam a crise, que trouxe estoques mais enxutos nas confecções e no varejo de moda, com uma estratégia que combina produtos mais baratos e novos mercados como os de embalagens e sacolas.
"Agora, o foco é preservar o caixa e manter clientes", diz Cristiano Buerger, diretor de criação e de marketing e um dos sócios da Tecnoblu, com sede em Blumenau (SC). E para isso, a empresa investe em uma nova coleção que será lançada este mês e que é cerca de 25% mais barata do que a linha regular de produtos da Tecnoblu, que tem 14 anos de atividade e atende grifes como Osklen, Forum, Colcci, Richards e Siberian.

 

Segundo Buerger, o foco da nova linha é atingir principalmente grandes fabricantes de jeans que atendem as classes C e D. "Estamos falando de fabricantes, boa parte deles concentrada no bairro do Brás, em São Paulo, cuja produção é de 600 mil pares de calças jeans por mês", diz Buerger. A Tecnoblu possui 160 funcionários e capacidade de produção de 70 milhões de peças, por ano - 5% dela destinada à exportação.

 

O faturamento previsto para este ano é de R$ 26,5 milhões (15% maior do que o de 2008). Nos últimos cinco anos, a empresa vinha crescendo cerca de 30% ao ano. O objetivo é chegar a R$ 60 milhões em 2012.

 

Outra aposta da Tecnoblu é a produção de embalagens especiais para embalar as calças jeans, que são vendidas pelo varejo. No lugar de uma simples sacola, com o logotipo da loja, os produtos são embalados em invólucros de tecido ou outro material, que podem ser usados posteriormente. A primeira experiência chega ao varejo com a coleção de inverno do estilista Alexandre Herchcovitch. "Passamos um ano e meio adaptando nosso maquinário para fazer embalagens. Acredito que elas serão cada vez mais valorizadas pelo consumidor."

 

"As confecções reduziram os estoques, mas ainda assim querem variedade de produtos e artigos com alto valor agregado", diz Alberto Conrad Lowndes, diretor executivo da Haco, fundada em Blumenau (SC), na década de 40, e que produz etiquetas de tecido e cadarços, entre outros itens.

 

Com uma produção de 3 bilhões de etiquetas por ano, a Haco está ampliando sua unidade gráfica para crescer no segmento de "tags" (aquela etiqueta de papel que costuma informar o preço da roupa) e de embalagens.

 

"Queremos atender os clientes em tudo o que disser respeito à identificação" diz Lowndes. A Haco possui fábricas em Blumenau, Massaranduba e Criciúma (SC), além de Eusébio (CE) e Covilhão (Portugal).

 

Outra aposta é a etiqueta "inteligente", equipada com um chip que armazena dados sobre o produto e que ajuda a controlar vendas e estoques. "Esse artigo deverá substituir o código de barras, pois as opções de uso são infinitas", diz Lowndes. A Haco vem investindo na produção da etiqueta inteligente há quatro anos.

 

Para o executivo da Haco, a forte retração no último trimestre de 2008 está sendo compensada pelo crescimento de 2% nas vendas da empresa, registrado entre janeiro e março de 2009.
"Ainda assim, acredito que o primeiro semestre será complicado", diz Lowndes. Mesmo a valorização do dólar frente ao real, que poderia aquecer as exportações, não está provocando bons resultados. "Porque o mercado externo está muito mais difícil." Segundo o executivo, cerca de 10% do faturamento da empresa vem da exportação. A unidade da Haco de Portugal é voltada para atender o mercado externo.

 

Com 75 anos de mercado, produzindo principalmente etiquetas, fitas bordadas para o segmento de vestuário e de acessórios, além de tecidos, a Helvetia tem como meta para este ano aumentar a produção de tecidos em jacquard, sobretudo para atender à indústria calçadista.

 

A empresa também está mudando seu parque fabril - do centro de São Paulo para Itaquaquecetuba (SP), que será equipado com maquinário mais econômico.

 

Para a estação primavera-verão 2009/10, diz o diretor Rogério Bebianno, a Helvetia vai lançar uma coleção com estampas florais, inspirados em casas de campo; grafites e geometrias da arquitetura moderna das cidades; desenhos primitivos das tribos da Amazônia e padrões clássicos inspirados na Riviera francesa. As etiquetas são feitas com materiais naturais como lona, algodão e materiais que têm um "preocupação ecológica", como raspas de couro, papel reciclado e poliéster reciclado. No acabamento a empresa mistura materiais como cristais Swarovski, metais, resinas, recortes a laser e bordados, explicou Bebianno.

 

A indústria brasileira de complementos decorativos - que produz zíperes, etiquetas, apliques e botões - fatura cerca de R$ 1 bilhão, por ano, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
 


Veículo: Valor Econômico


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