Mercado de leite sinaliza recuperação aqui e no exterior

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O setor de lácteos do país não deve passar incólume pela crise financeira internacional, mas os sinais recentes de recuperação no mercado de leite são um alento e podem evitar o agravamento da situação de empresas que vivam alguma dificuldade, acreditam fontes do mercado.

 

A crise - e a consequente restrição de crédito - foi a principal justificativa da Indústria de Alimentos Nilza para pedir recuperação judicial, na última semana. Mas a própria empresa admitiu, em comunicado, que boa parte (R$ 115 milhões) de sua dívida de R$ 200 milhões era resultado da aquisição da mineira Montelac, em julho do ano passado. Naquele momento de euforia, a Nilza chegou a disputar na Justiça a compra da Montelac com a Parmalat, outra que também entrou em dificuldades em 2008 após várias aquisições e que teve de se desfazer de ativos como a Integralat, a fábrica de biscoitos e o centro de distribuição em Jundiaí (SP), para liquidar dívidas de R$ 180 milhões.

 
 
Esse quadro mostra que a euforia e a busca por aumento de capacidade pelas empresas no momento de consolidação em lácteos - em meados do ano passado - são as maiores razões para as dificuldades atuais. As empresas que cresceram desordenamente sofrem mais agora para driblar o crédito escasso.

 

O fato de o segmento ter a maior parte de suas vendas no mercado doméstico, sem depender da exportação, também ameniza o quadro de crédito escasso, diz uma fonte da indústria.

 

"O setor não vai passar incólume", afirma o presidente da mineira Itambé, Jacques Gontijo. Mas ele afirma que há perspectiva de melhora de preços no mercado externo, onde já há sinais de recuperação. No mercado doméstico, os preços ao produtor de leite também começam a subir - reflexo da entressafra do produto e da demanda firme.

 

Segundo a Scot Consultoria, em março, os preços médios do leite no mercado spot (negociação entre indústrias) subiu 10,76% sobre o mês anterior, para R$ 0,65 por litro. A média nacional paga ao produtor - R$ 0,592 por litro - em março (referente ao leite entregue em fevereiro) ficou 0,91% acima do mês anterior. O leite longa vida também está em alta. De fevereiro para março subiu 6,20% no varejo paulista, segundo a Scot, para R$ 1,804 por litro.

 

Para Cristiane Turco, analista da Scot, os números indicam que a oferta de leite não é tão grande por causa da entressafra. E isso acontece num momento de demanda também firme, diz Laércio Barbosa, diretor dos Laticínios Jussara e vice-presidente do Sindileite-SP. "Os estoques [das empresas] caíram até pela falta de capital de giro por causa da crise", acrescenta.

 

Segundo o último índice de captação de leite do Cepea-Esalq disponível, o volume de leite captado no país em janeiro foi 8% inferior de igual mês de 2008.

 

O mercado internacional - que em 2008 beneficiou empresas brasileiras - também dá sinais positivos. Levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre preços do leite em pó integral na Europa mostra que na semana 11, o preço ficou entre US$ 2.200 e US$ 2.375 por tonelada - na semana 9, estava entre US$ 2.100 e US$ 2.250. De qualquer forma, segundo a Scot, que compilou os números, os preços ainda estão muito abaixo dos US$ 4.500 a US$ 4.700 de igual período de 2008, um momento de euforia por causa da demanda.

 

"Os preços chegaram ao fundo do poço. Começa a estimular a compra e desestimular a produção", comenta Barbosa. Uma das razões para a queda vista anteriormente eram os estoques elevados nos exportadores.

 

Apesar de o Brasil ainda exportar volumes pequenos, o mercado externo ajuda as empresas a desovarem a sua produção.
A Itambé, por exemplo, prepara-se para participar de concorrências para compras governamentais de Venezuela e Argélia.

 

Veículo: Valor Econômico


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