Linha branca pega carona no novo programa habitacional

Leia em 5min

Apesar de a linha branca (que inclui geladeiras e fogões) ainda não ter recebido diretamente nenhum tipo de incentivo fiscal do governo, como a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) concedido à indústria automobilística e ao setor de construção civil, as empresas do setor estão animadas com a possibilidade de crescimento de mercado, principalmente para os produtos voltados às classes C e D, cujos preços estão situados entre R$ 699 e R$ 999 a unidade no caso de refrigeradores e de R$ 300 no caso de fogões. Para Patrício Mendizabal, presidente do grupo de origem mexicana Mabe, que detém as marcas Dako, GE e Mabe, esse mercado deverá chegar a 600 mil geladeiras novas com o pacote habitacional para a construção de 1 milhão de casas, anunciado na semana passada.

 

"Esse anúncio fez muito bem para a indústria", afirmou Mendizabal. "Para se ter uma ideia, até setembro tínhamos uma taxa de crescimento de 10%, mas com a crise, as lojas realizaram a desestocagem desses produtos e acabamos fechando 2008 com um aumento de cerca de 3% a 4%", completou o executivo.

 

Em 2009, o cenário dá mostras de que começa a se recuperar. O executivo da Mabe disse que no primeiro bimestre do ano a empresa começa a voltar ao patamar de produção comparável ao período anterior à crise. "Entregamos mais unidades desses produtos em 2009 em relação ao mesmo período do ano passado e em receita os valores estão equivalentes", informou o executivo.

 

Um índice que pode ser utilizado para quantificar a produção industrial do setor é a capacidade instalada. Segundo Armando Ennes, diretor de Relações Institucionais da Whirlpool, fabricante das marcas KitchenAid, Consul e Brastemp, as empresas estão com cerca de 70% a 80% de utilização das plantas na Linha Branca. Esse é o mesmo índice da Mabe que prepara o lançamento de uma nova linha de lavadoras automáticas este mês e que para isso deverá iniciar um segundo turno para essa linha de montagem que está plenamente utilizada.

 

A percepção de retomada foi sentida também pela Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Segundo a entidade, a projeção de crescimento para 2008 era de 15%, mas o último trimestre do ano passado influenciou o resultado, mas não informou qual foi o balanço final. A expectativa da associação é de que o desempenho do setor no segundo trimestre de 2009 seja igual ou levemente maior do que o de 2008. Nos dois primeiros meses do ano o resultado ainda não foi fechado, mas deve ficar entre 3% e 4% menor que o mesmo período de 2008. Essa expectativa otimista de crescimento de mercado se dá pelo fato de que a indústria de eletrodomésticos em geral está diretamente ligada à construção civil. Segundo Ennes, o setor será aquecido também pela decisão de expandir o limite de financiamento de imóveis pela Caixa Econômica Federal (CEF) para R$ 500 mil, fato que estimulará a venda de aparelhos de maior valor em complemento à linha mais barata.

 

Esses programas de estímulo ao consumo terão um efeito de médio prazo. "Não vemos resultados imediatos, mas sem dúvida nenhuma ajuda o setor", disse Ennes. "Gostaríamos que fosse imediato, e uma forma foi proposta em incluir no financiamento desses novos imóveis os eletrodomésticos. O ministro Miguel Jorge [Indústria e Comércio] disse que chegou a ser avaliado pelo governo, mas não sabemos o porquê de não ter entrado no plano", revelou ele. Nas contas de Ennes, a indústria de eletrodomésticos tem um efeito multiplicador em 2,3 vezes o valor investido, o que favoreceria a movimentação da economia e por isso a desoneração fiscal precisaria ser estendida à linha de eletrodomésticos que tem 40% em média de impostos embutidos em seu preço final.

 

"Não precisaria zerar totalmente o IPI mas se equiparar refrigeradores mais simples, que pagam 15%, assim como lavadoras automáticas, ao fogões que tem alíquota de 4% já seria uma grande medida", disse Ennes.

 

Mendizabal afirma que as empresas do setor precisam ser mais ouvidas e ter mais apoio para manter os empregados, fato que somente o estímulo ao consumo pode resolver. Porém negou que a Mabe pense em demitir. "Apenas não contratamos temporários na sazonalidade em função da baixa demanda", informou.

 

Contudo, ele avisa que dependendo da demanda, as empresas precisarão se preparar até meados desse ano para produzir mais, senão, é possível que os pedidos não sejam atendidos.
O sinal mudou na área de eletrodomésticos. Os fabricantes de linha branca - geladeiras, fogões, máquinas de lavar - já reveem a produção graças ao crescimento decorrente do plano habitacional divulgado na semana passada. O aumento seria de produtos voltados às classes C e D.

 

Patrício Mendizabal, presidente da mexicana Mabe, acredita que esse segmento pode demandar mais 600 mil geladeiras.
Para as marcas Brastemp e Consul, diz Armando Ennes, diretor da Whirlpool, o setor será aquecido também pelo fato de o novo limite de financiamento de imóveis da Caixa Econômica Federal subir para R$ 500 mil, o que deverá estimular a venda de aparelhos de um valor mais alto. A recuperação da indústria é geral. Segundo o IBGE, o setor de bens de capital foi único peso negativo da produção industrial de fevereiro em relação a janeiro, que teve alta de 1,8%. Na mesma linha, o índice de março do Santander Global Banking & Markets foi o mais alto desde outubro. Segundo análise do Iedi, o custo do crédito é um dos fatores que ainda limitam o investimento. Mas, segundo dados do Banco Central, financiamentos a investimentos de longo prazo, acordados anteriormente com o BNDES, seguram em alta as operações de crédito de longo prazo.

 

Veículo: DCI


Veja também

Indaiatuba ganha hoje terceira loja da rede Dia

O supermercado Dia inaugura hoje sua terceira loja em Indaiatuba, oferecendo 2.500 produtos em uma área de vendas...

Veja mais
Comerciantes do sudoeste paulista recebem capacitação

Quatro municípios da região do sudoeste paulista terão acesso ao Programa Comércio Varejista...

Veja mais
Ânimo do consumidor faz varejo apostar em informática

A categoria de informática deverá manter o ritmo de vendas este ano, entre as grandes varejistas, depois d...

Veja mais
Mercado de lâmpadas fluorescentes compactas aumenta 25% no ano

A morte das gastadoras lâmpadas incandescentes já foi anunciada por algumas fabricantes em determinadas reg...

Veja mais
Solvay avalia a venda de unidade de medicamentos

A Solvay, fabricante do comprimido para o colesterol, TriCor, anunciou que analisa opções para sua unidade...

Veja mais
Lojas Americanas e Insinuante entram na briga pelo Ponto Frio

Mais duas gigantes do comércio brasileiro confirmaram que estão analisando a compra da rede Ponto Frio. O ...

Veja mais
Brasilmaxi utiliza contêiner para estocar

A Brasilmaxi, empresa especializada em armazenagem e logística, desenvolveu um novo conceito de estocagem de prod...

Veja mais
Sacrifício de matrizes eleva em 15% custo do leite à indústria

Desde o fim de março os laticínios de Goiás e Minas Gerais pagam entre 10% e 15% mais pelo litro de...

Veja mais
Cresce a venda de computadores pessoais

O comércio de computadores pessoais (PCs) no Brasil totalizou 11,8 milhões de unidades vendidas no ano pas...

Veja mais