Os itens in natura foram responsáveis por 78% da taxa do Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) de março, que é calculado com base nas despesas de consumo das famílias com renda de 1 a 2,5 salários mínimos mensais. O índice subiu 0,51% este mês, após avançar 0,16% em fevereiro. A informação é do economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz. De acordo com ele, os aumentos de preços dos in natura que mais influenciaram o resultado de avanço do indicador, mensurado em março, foram os de hortaliças e legumes (3,82%), e de frutas (4,06%). Entretanto, ele comentou que a taxa maior do índice foi influenciada por fatores sazonais. O economista observou que, nos últimos meses de março, no âmbito do IPC-C1, os preços dos in natura costumam subir mais de preço, em comparação com o nível de elevação de preços dos meses posteriores. Isso porque o mês de março, no âmbito do indicador, costuma acompanhar o cenário de alimentos in natura mais caros registrados nos meses de janeiro e de fevereiro - época em que os problemas climáticos derrubam a produção de lavouras curtas, como as de itens in natura, reduzindo a oferta desse tipo de produto no mercado interno e, por consequência, elevando preços. "Para um mês de março, a taxa do IPC-C1 foi a menor desde 2006 (0,15%)", disse o economista.
Para as próximas apurações do índice, o economista não descartou a possibilidade de que o índice inicie uma trajetória de desaceleração. Ele lembrou que o recuo na demanda interna, influenciado pela crise, tem chances de prosseguir ao longo de 2009. Com a demanda menor, de uma maneira geral, os preços tendem a cair - e essa avaliação abrange itens básicos como os alimentos, que tem grande peso no IPC-C1.
Braz explicou que, se os produtos dos alimentos entrarem em uma trajetória de desaceleração, após o término do efeito sazonal dos in natura, isso pode derrubar os resultados do índice. Além disso, o cenário de tarifas e preços administrados para esse ano parece ser menos pressionado, o que pode contribuir ainda mais para uma taxa anual menor do índice. Ele não descartou a possibilidade de o índice, iniciado em janeiro de 2005, fechar o ano pela primeira vez com resultado inferior ao da taxa do IPC-BR, que mede a inflação percebida por famílias mais abastadas, com ganhos entre 1 e 33 salários mínimos mensais.
O IPC-C1 seguiu a mesma tendência demonstradas pelos outros índices de preço ao consumidor, como o IPC-S e o IPC da Fipe, medido em São Paulo, que também registraram alta em março.
Veículo: DCI