O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, acredita que a produção brasileira de trigo cresça 10% este ano, podendo suprir 60% da demanda interna. No lançamento oficial do plantio de trigo no Paraná, maior produtor nacional do cereal, ele ressaltou o estímulo dado pelo governo federal ao cultivo da variedade de melhor qualidade. "O preço mínimo já foi estabelecido e, inclusive, introduzimos uma inovação, que é estabelecer um valor maior para o trigo de melhor qualidade, ou seja, estamos induzindo a se produzir um trigo melhor", disse.
Há duas semanas, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu reajustar de forma distinta o trigo melhorador - considerado de melhor qualidade, usado na fabricação de pães - e o brando, de qualidade inferior. O preço mínimo dos dois tipos, que era de R$ 480 por tonelada, subiram, respectivamente, 15,63% e 10,42%, passando a valer R$ 530 e R$ 555 por tonelada.
Na última safra, o País produziu 6 milhões de toneladas de trigo, ante um consumo interno de 10,86 milhões de toneladas. O Estado do Paraná é responsável por 53% da produção nacional. Segundo o secretário de Agricultura do Estado, Valter Bianchinni, o governo estadual, em parceria com o Banco do Brasil, garante que não faltará recursos para os triticultores e a expectativa é de aumento de 5% na área plantada. "Se o clima ajudar, o Paraná terá uma safra tão boa quanto à do ano passado, de 3,2 milhões de toneladas, ou até um pouco mais, 3,5 milhões de toneladas, em função do crescimento de área", afirmou Bianchinni. Ele informou que, como no Paraná predomina o cultivo de trigo melhorador, a diferenciação dos reajustes dos preços mínimos beneficia os produtores paranaenses.
Mesmo com o aumento da produção brasileira, o País deve ter que importar mais de 4 milhões de toneladas este ano, volume que não será totalmente suprido pela Argentina, que deve exportar, ao todo, 3,4 milhões de toneladas, sendo aproximadamente 2 milhões para o Brasil. Com isso, os moinhos já reivindicam que o governo reduza a Tarifa Externa Comum (TEC), que é de 10% para os países de fora do Mercosul.
De acordo com Stephanes, isso deve ser feito no momento e quantidade certos para que o trigo importado não cause redução do preço pago aos triticultores brasileiros. Para isso, a TEC deve ser liberada somente quando os estoques estiverem terminando. "Eu não aceito que seja discutida a redução dessa tarifa no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior", afirmou o ministro em seu discurso.
Veículo: DCI