Nos números da Conab e do IBGE, colheita agrícola deve ficar em torno de 215 milhões de toneladas, puxada principalmente pela soja
A safra brasileira da soja deve bater um novo recorde este ano. Dados divulgados ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que o País deve produzir 103,8 milhões de toneladas do grão na safra 2016/2017, que começa a ser colhida neste mês. A projeção representa um avanço de 8,7% em relação à safra anterior. Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também divulgados ontem, são um pouco diferentes, mas também apontam para um volume recorde: 104,92 milhões de toneladas.
Com o clima favorável e o aumento de 1,6% da área plantada, a produção de soja deve superar pela primeira vez na história, a marca de 100 milhões de toneladas. "A produção agrícola está dando uma resposta muito forte à economia do País", afirmou o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, durante a apresentação do 4.º Levantamento da Safra 2016/2017.
De acordo com a Conab, a estimativa de produção total, considerando a soja e os demais grãos, é de 215,3 milhões de toneladas, número também recorde. Isso corresponde a um aumento de 15,3% em relação à safra anterior. Sozinha, a soja representa quase metade (48%) da produção total de grãos no País. Nos números do IBGE, a safra total chegará a 213,7 milhões de toneladas, 16,1% maior que a de 2016. Infraestrutura. Como a soja é voltada principalmente para a exportação, as preocupações agora recaem sobre a capacidade de o País escoar o produto. Os meses mais críticos são janeiro - quando começa a colheita -, fevereiro e março.
"Mas, como na soja existe uma experiência acumulada por parte do governo, acreditasse que o processo de escoamento será tranquilo e sóbrio", disse o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Aroldo Antônio de Oliveira Neto. "Já na safra retrasada, Logística houve por parte do governo e da iniciativa privada uma organização dos deslocamentos dos caminhões para os embarques nos portos. Isso melhorou enormemente os processos. As filas já não aconteceram mais, por exemplo, no Porto de Santos", acrescentou.
Em anos anteriores, o escoamento da safra de soja pelo Porto de Santos, que lidera a exportação da commodity no País, gerou filas de caminhões até a cidade e atrasos nos embarques. No entanto, em 2014 a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) passou a adotar a chamada "Operação Safra", que busca agilizar o recebimento e o embarque de grãos nos navios.
Ao mesmo tempo, as preocupações com o escoamento recaem apenas sobre a soja. "O feijão não é um problema. O produtor planta, colhe, comercializa e ele vai para consumo", disse Oliveira Neto. "O arroz é produzido numa região específica, que é o Rio Grande do Sul, que tem uma forma própria de escoamento. O processo é organizado." No caso do milho, Oliveira Neto lembrou que o produto obtido na primeira safra vai atender ao mercado interno, mais especificamente à necessidade da agroindústria - ou seja, não é exportado.
Fonte: O Estado de São Paulo