São Paulo - Depois de um longo período vendo a rentabilidade despencar, bares e restaurantes começaram a apresentar melhora neste indicador no primeiro trimestre do ano. O percentual de empresas operando com prejuízo caiu para 31%, frente a 33% no quarto trimestre de 2016. Já a fatia com rentabilidade acima de 10% subiu um ponto percentual, para 18%.
Os dados fazem parte da pesquisa 'Conjuntura Econômica do Setor de Alimentação Fora do Lar', feita trimestralmente pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). O cenário negativo atingiu seu ápice no terceiro trimestre do ano passado, quando praticamente 40% das companhias do ramo operavam no 'vermelho'.
Nas duas últimas medições, no entanto, os números começaram a dar os primeiros indícios de melhora, tanto em termos de rentabilidade quanto de faturamento. "O setor está dando sinais de que o pior da crise já ficou para trás", diz o presidente da entidade, Paulo Solmucci Jr.
A recuperação da rentabilidade se deu, de acordo com o executivo, por dois fatores, principalmente: o esforço de ajuste operacional, que começou a surtir efeito agora; e os custos que pararam de pressionar. Além disso, o fechamento de lojas no setor ajudaram a eliminar as empresas que estavam em uma situação ruim - e que puxavam o desempenho ainda mais para baixo.
Apesar da melhora no indicador, Solmucci afirma que o quadro ainda está longe da normalidade. "O mercado está em um nível considerado normal quando mais de 50% das empresas apresentam rentabilidade acima de 10%, e quando apenas 5% operam com prejuízo. Cenário ainda distante do atual", afirma.
A previsão da entidade é de que os dois índices melhorem ainda mais até o final do ano, mas não o suficiente para retornar a normalidade do setor, que pode ser alcançada em 2018. Para o fechamento deste ano, a perspectiva é de que o percentual de companhias trabalhando no 'vermelho' caia para 25%, e que a fatia com rentabilidade maior do que 10% suba dos atuais 18% para entre 20% e 23%.
Faturamento
Em termos de faturamento, a Abrasel estima que o ramo feche o ano com um crescimento de 2%, em termos reais. A projeção foi revista após os resultados do primeiro trimestre deste ano, uma vez que ao fim de 2016 a entidade previa uma alta relativamente inferior, de 1,5%.
A melhora da projeção ocorreu por conta da desaceleração da retração do indicador visto nos primeiros três meses do ano, em comparação ao quarto trimestre de 2016. De janeiro a março, o faturamento médio das empresas retraiu 1,84%, enquanto ao final do ano passado o recuo tinha sido de 3,93%. "A queda vem reduzindo gradativamente, mas o ponto de inflexão, no cenário que desenhamos, só deve ocorrer no segundo semestre."
A recuperação da rentabilidade e a desaceleração da queda do faturamento, não permitiram, contudo, que o setor passasse o período sem redução do quadro de funcionários. De acordo com a pesquisa da Abrasel, 48% dos bares e restaurantes afirmaram ter reduzido o total de funcionários, em comparação com o quarto trimestre do ano passado. Do total, apenas 12% disseram ter aumentado o quadro. A diminuição resultou, na mesma base comparativa, em uma retração média de 2,98% no número de funcionários trabalhando no setor. A região que apresentou a maior queda no quadro foi a Sudeste (-4,22%).
Lei da gorjeta
Outro aspecto que injeta otimismo no setor é a recente aprovação da chamada lei da gorjeta, que regulamenta a cobrança e distribuição da 'caixinha'. "A falta de regulamentação era o principal fator de insegurança jurídica no nosso setor. A lei acaba com isso, e reduz ainda a carga tributária, já que a gorjeta integrava o faturamento, aumentando o valor cobrado de impostos."
Na opinião do executivo, a redução pode impactar positivamente na rentabilidade. "Do ponto de vista de segurança e rentabilidade a lei contribui muito para o nosso ramo", diz.
A entidade ressalta, no entanto, que a mudança deve levar boa parte dos estabelecimentos do setor a sugerirem percentuais maiores de gorjeta. O movimento já vem sendo sentido no mercado, com alguns restaurantes aumentando a taxa sugerida dos atuais 10% para entre 12% a 13%.
Fonte: DCI São Paulo