GGP, sócia da Aliansce, pede concordata

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A norte-americana General Growth Properties (GGP), uma das maiores empresas de shopping centers do mundo, entrou com pedido de concordata perante o tribunal de alçada em Nova York após acumular uma dívida de US$ 27 bilhões. No Brasil, a empresa detém 49% de participação da Aliansce Shopping Centers, proprietária de 19 empreendimentos, entre eles o Shopping Iguatemi Salvador (BA), Santana Parque Shopping (SP) e Boulevard Shopping Belo Horizonte (MG).

 

A concordata da empresa já é considerada o maior colapso do setor de shoppings na história dos Estados Unidos, segundo especialistas. "O pedido de concordata da GGP não representa risco aos negócios da Aliansce. Embora tenha uma participação de 49% no capital da Aliansce, a GGP não detém o seu controle. A Aliansce é uma empresa independente, em que a americana GGP tem participação societária, sem vínculos contábeis ou outros negócios", informou a Aliansce em nota.A empresa também mantém os planos de inaugurar mais dois empreendimentos nos próximos 8 meses - Boulevard Shopping Brasília e Boulevard Shopping Belém. "A Aliansce vem se preparando há mais de um ano e meio, desde o começo da crise, para estruturar seu capital de forma que não dependa de aportes financeiros dos sócios", completou a empresa.

 

Com um número total de ativos no valor de US$ 29,5 bilhões, a GGP continuará operando seus mais de 200 shopping centers nos Estados Unidos , entre eles South Street Seaport, em Manhattan, e Faneuil Hall em Boston. "Embora tenhamos trabalhado sem descanso nos últimos meses, objetivando nossas dívidas a vencer, o colapso dos mercados de crédito nos impossibilitou de refinanciar a dívida que vencia à margem do Capítulo 11", diz Adam Metz, principal executivo da empresa. O Capítulo 11 do código de falência dos EUA equivale ao processo de recuperação judicial no Brasil.

 

"Pretendemos emergir como uma empresa mais enxuta", afirma o presidente da GGP, Thomas Nolan. "Nosso modelo de negócio continua forte", avalia. A companhia pretende registrar um plano de reorganização até o final do ano, acrescenta Nolan. O reconhecimento do colapso afeta a Eurohypo, uma filial do Commerzbank, por ser a maior credora com reivindicações que totalizam US$ 2,590 bilhões compreendidos em dois empréstimos. A empresa deve aos detentores de títulos US$ 4 bilhões.

 

A recuperação judicial poderá reformular o setor de shopping centers dos EUA , permitindo que as concorrentes da GGP - incluindo a Simon Property Group - adquiriram propriedades e fortaleçam sua posição, no caso da Simon, de líder do segmento, diz Dan Fasulo, diretor gerente da Real Capital Analytics, companhia de pesquisa imobiliária . "Creio que a Simon poderá obter alguns desses ativos por um preço baixo", acrescenta Fasulo. Na opinião de especialistas, a recuperação judicial é "o início de um ciclo sombrio" que poderá conduzir outras empresas ao colapso.

 

Mercado Brasileiro

 

Em 2007, o setor de shopping center brasileiro viveu um momento de grandes aquisições e associações. Tradicionais empresas do setor associaram-se a investidores estrangeiros. A Ancar, por exemplo, uniu-se ao fundo canadense Ivanhoe Cambridge. Já a Sonae Sierra Brasil associou-se à norte-americana Developers Diversified Realty e a Tenco Realty vendeu parte de seu capital à CBL & Associates Properties, dos EUA.

 

Outras empresas preferiram abrir o capital como foi o caso da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, General Shopping, Multiplan e a BR Malls, que tem entre os seus acionistas o megainvestidor norte-americano Sam Zell.

 

No caso da GGP, uma das soluções é a apresentada pelo fundo de hedge Pershing Square Capital Management. Segundo o gerente de fundos, William Ackman, a empresa irá fornecer para a GGP um financiamento de US$ 375 milhões a fim de ajudar a gerir a companhia durante o processo do Capítulo 11. Possivelmente Ackman desempenhará um papel-chave na reorganização já que a Pershing é a terceira maior acionista, segundo informações obtidas.

 

Endividamento

 

Grande parte da dívida da GGP remonta à compra da Rouse em 2004, que possuía shopping centers como South Street Seaport. Enquanto a GGP lutava para honrar os vencimentos de suas dívidas, perdeu 81% de seu valor de mercado nos últimos seis meses, após dizer repetidas vezes que poderia pedir concordata. A Rouse e 165 unidades foram incluídas no registro de concordata.

 

A GGP informou que várias propriedades que fazem parte de joint ventures não foram incluídas. A história da GGP remonta ao ano de 1954, quando os irmãos Matthew e Martin Bucksbaum expandiram o negócio de mercearia da família, construindo o Town and Country Center em Cedar Rapids, Iowa, um dos primeiros shopping centers regionais do Meio-Oeste.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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