Cresce a cautela na hora de fazer mudanças na carreira

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Há um ano, o cenário econômico era de liquidez e oferta abundante de crédito. As empresas investiam na ampliação de suas operações e, consequentemente, era grande a demandas por talentos. O cenário atual é o oposto. Se antes os profissionais olhavam principalmente para as funções e cargos oferecidos, hoje a atenção está voltada às perspectivas do setor de atuação e ao histórico de desempenho das empresas, além da estabilidade e da credibilidade de mercado que elas possuem. Saiu de cena a empolgação com qualquer promessa crescimento rápido na carreira. O momento é de análise e cautela.

 

Poucos agora se deixam seduzir por qualquer canto de sereia. A maioria dos gestores (75,3%) acha necessário estudar em profundidade a empresa antes de aceitar uma proposta de trabalho. Entre os itens que os melhores talentos do mercado têm avaliado estão a estabilidade da companhia, o tipo de negócio, histórico, credibilidade no mercado, o porte, as perspectivas e o setor de atuação. É o que revela um levantamento realizado pela consultoria de recrutamento Hays, que procurou mapear os efeitos da crise financeira atual na decisão de mudar de emprego. O estudo teve a participação de 230 profissionais oriundos das áreas de finanças, logística e suprimentos, engenharia e manufatura, marketing e vendas. A maioria (80%) está em posições gerenciais e de diretoria.

 

A atual diretora de serviços da unidade outsourcing da Everis, Suzana de Almeida Jorge, de 43 anos, acabou de viver uma transição em sua carreira. Ela, que ingressou na empresa em março, levou em conta o crescimento da companhia - "bastante significativo", diz - na hora de tomar a decisão. "Além disso, vim para uma área na qual a Everis está investindo e que também apresenta muitas oportunidades devido à crise financeira", adiciona.

 

Suzana encontrou na Everis tanto possibilidade de crescimento quanto desafios profissionais, exatamente o que ela esperava para uma nova posição. "Trata-se de uma empresa que não recruta pessoas pensando em projetos temporários. Aqui há um plano de carreira realmente forte e agressivo", observa. Sem entrar nos detalhes sobre os motivos que a levaram a trocar de empresa, ela apenas revela que o antigo empregador estava realizando "desinvestimentos globais devido à crise". "No mercado há muito imediatismo e foco no curto prazo", lamenta.

 

A atual incerteza econômica, segundo Suzana, divide as empresas em dois grupos. Há aquelas que possuem certo preparo para enfrentar este momento de turbulência e que não estão cegas para as oportunidades atuais, pois já tinham uma base de negócios bem estruturada. Do outro lado estão as companhias que se encontravam fragilizadas antes da chegada da instabilidade financeira e, por isso, tiveram seu desempenho abalado. "É normal que exista movimentação de pessoas de empresas sólidas para as outras", avalia.

 

É o que aponta o estudo da Hays. "Os candidatos estão mais cautelosos ao receber uma proposta, mas permanecem dispostos a uma eventual troca de empresa em virtude das características e desafios da nova posição", afirma o diretor-geral da Hays no Brasil, Luiz Valente. "Outro ponto que ficou claro é a comparação que os candidatos fazem entre o futuro da empresa atual com o do possível empregador", destaca.

 

De acordo com Valente, antes de aceitar um proposta de trabalho os profissionais têm analisado tanto a informações públicas sobre o possível empregador (no caso de empresas de capital aberto) quando as internas, que podem ser obtidas com pessoas que trabalhem ou tenham trabalhado na companhia em questão ou de outras firmas que façam negócios com o possível empregador. "Da mesma forma que as empresas buscam referências do profissional, em um momento de crise, o candidato deve buscar referências a respeito da empresa", orienta. "O profissionais capacitados entendem que uma mudança tem que ter um atrativo em termos de aprendizado. Muitos não estão interessados em fazer um movimento lateral, para realizar mais do mesmo", diz Valente.

 

Pouco visíveis, mas valiosas

 

O levantamento da Hays também detectou quais fatores recebem pouca atenção, atualmente, durante uma transição profissional. Estrutura hierárquica, país de origem, imagem da marca e o fato da empresa em questão ser ou não de capital aberto agora estão em segundo plano. "De certa forma, há uma dissociação entre oportunidade de trabalho e imagem que a marca possui no mercado. As melhores oportunidades não estão necessariamente com as melhores marcas, e os profissionais sabem disso. Eles estão conscientes de que existem ótimas vagas em empresas com marcas de menor destaque, como é o caso de algumas empresas novas ou que não tenham ainda aberto capital", observa.

 

Valente ressalta que a crise também causou uma mudança no perfil dos profissionais requisitados. "Existe uma necessidade de talentos com forte habilidade em gestão, análise de resultados e visão de mercado. No plano pessoal, os candidatos devem apresentar, especialmente em tempos de crise, uma sólida capacidade de adaptação, resistência a frustrações e capacidade de automotivação", diz.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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