Duas gigantes do universo esportivo acabam de fechar uma parceria. A americana Nike e o grupo brasileiro SBF, dono da rede varejo Centauro, firmaram um acordo de dez anos para expansão das lojas Nike Store no país. Com essa parceria, o grupo SBF passa a administrar uma quarta bandeira, uma vez que também possui em seu portfólio as redes By Tennis e Almax, além da Centauro. A Nike, por sua vez, ampliará a presença de suas lojas próprias para todo o país. Hoje suas 10 unidades estão concentradas nas regiões Sudeste e Sul. Dentro de dois a três meses, já será aberto um ponto de venda da Nike Store em Manaus e outro no Rio. A previsão é que este ano sejam inauguradas seis lojas por meio dessa parceria.
Segundo o Valor apurou, o investimento nas novas lojas nos primeiros cinco anos do acordo deve atingir cerca de R$ 100 milhões. As duas empresas informaram que não podem se pronunciar sobre o montante investido. O SBF será responsável por todos os custos do ponto comercial, como aluguel, impostos, folha de pagamento dos funcionários e também a compra dos produtos. Já a Nike entra com o treinamento dos funcionários, desenvolvimento de produtos exclusivos e layout das lojas.
"Trata-se de uma parceria inédita. É a primeira vez em todo o mundo que a Nike fecha um acordo para abertura de lojas com um único operador por um período tão longo", afirmou Cristian Corsi, presidente da Nike do Brasil. Até então, a Nike trabalhava com parceiros isolados. As atuais 10 lojas são gerenciadas por cinco operadores diferentes. Além das seis unidades a serem inauguradas com o SBS, a Nike abrirá outras quatro com outros operadores em 2009, por conta de contratos fechados anteriormente. A partir de agora, a expansão da rede será exclusividade do SBF. No total, este ano a empresa americana terá mais 10 lojas em operação, dobrando para 20 o número de unidades Nike Store.
Maior varejista de artigos esportivos do país com 121 lojas em território nacional e responsável pela venda de quase 3 milhões de pares de calçados por ano, o grupo SBS é um dos grandes varejistas de shopping centers. Não à toa, abriu somente no ano passado 28 lojas-âncora.
"Queremos abrir lojas da Nike Store nos principais centros comerciais, que tenham vocação para moda. A Nike Store não concorre com as nossas outras bandeiras", explicou Sebastião Bomfim Filho, fundador e presidente do grupo SBF, que fechou 2008 com receita de R$ 866 milhões e lucro de R$ 35 milhões.
Com crescimento anual médio de 35% na última década, Bomfim não sentiu os efeitos da crise. Em 2008, abriu 32 novas lojas e um centro de distribuição. Para este ano, mantém a trajetória de expansão com previsão de mais 40 pontos das bandeiras Centauro, By Tennis, Almax e Nike Store. Serão investidos cerca de R$ 110 milhões, provenientes de caixa próprio e de financiamentos do Banco do Nordeste e do BNDES. A idéia é manter o ritmo de crescimento em 2010, ano de Copa do Mundo, quando as vendas de artigos esportivos chegam a dobrar.
Questionados sobre a participação da Nike e Centauro em seus respectivos negócios, tanto Corsi como Bomfim desconversam. "Essa é a pergunta que vale US$ 1 milhão. Torço para que o Corsi conte", brinca Bomfim. "Posso dizer apenas que a Centauro é um dos nossos três maiores clientes", responde o executivo da Nike. "Bom, então vou dizer que a Nike também é uma dos nossos três maiores fornecedores", devolve Bomfim.
Veículo: Valor Econômico