A fabricante francesa de cosméticos e produtos de higiene pessoal L’Oréal informou que as vendas do primeiro trimestre estagnaram inesperadamente, à medida que as distribuidoras reduziram os estoques e os consumidores em todo o mundo reduziram as despesas, em especial de produtos de luxo. Para sustentar o crescimento durante a crise, o presidente da companhia, Jean-Paul Agon, disse em comunicado que a L’Oréal irá reduzir os custos e desenvolver produtos "acessíveis". O executivo acrescentou que a empresa deverá "gradualmente melhorar seu desempenho durante 2009" e denominou de "atípicas" as vendas de produtos de luxo do primeiro trimestre.
A receita da companhia aumentou 0,3% para € 4,37 bilhões (US$ 5,7 bilhões), informou a empresa, sediada em Paris, depois do fechamento dos mercados. As cifras ficaram abaixo da média da estimativa de 11 analistas pesquisados, de € 4,43 bilhões.
A divisão de luxo da L’Oréal, fabricante das essências Armani Code e dos cosméticos Lancôme, registrou uma queda nas vendas de 17,5%, excluindo as flutuações de moedas e aquisições, o pior desempenho entre as diversas áreas de negócio. O principal executivo da companhia disse que a divisão foi afetada pelos "enormes ajustes nos estoques por parte das distribuidoras", especialmente na Europa Ocidental, após uma época natalina frustrante.
Os declínios na Europa Ocidental foram "um choque", disse Andy Smith, analista de Londres na ICAP. As unidades de luxo e produtos profissionais "causaram o dano", acrescentou o executivo.
Excluindo aquisições e moedas, as vendas recuaram 4,3% , mais do que a queda de 3,4% prevista pelos analistas.
As vendas na Europa Ocidental declinaram 9,3% nessa base, superando a queda de 5% na América do Norte. Trata-se do reverso da tendência no ano passado, quando as lojas de departamentos dos Estados Unidos foram mais afetadas que as equivalentes na Europa.
A receita no resto do mundo cresceu 1,8%, em bases iguais, excluindo flutuações cambiais, liderado pela alta de 9,7% na América Latina, para € 230 milhões, no entanto, registrou queda de 5,2% considerando a valorização do dólar ante as moedas latino-americanas.
A L’Oréal, que possui, entre outras marcas, a Maybelline, a Garnier e a Biotherm, reduziu sua previsão de vendas e lucro três vezes no ano passado, citando a "brutal" queda nos EUA e o enfraquecimento das economias na Europa e na China. As ações da empresa caíram cerca de 9% este ano, depois de uma queda de 36% em 2008.
Veículo: Valor Econômico