Empresas do pólo de vestuário de Blumenau, em Santa Catarina, mostraram bom desempenho no primeiro quadrimestre do ano e embora as estimativas e os investimentos sejam menores do que em 2008, a maioria prevê fechar o ano com crescimento de pelo menos 6%.
O volume da coleção outono/inverno produzida pela Malhas Kyly, de Pomerode (SC), por exemplo, foi 10% maior do que no mesmo período do ano passado e a meta de vendas foi alcançada, mas ainda há algumas sobras que se comercializadas vão somar mais de 10% de crescimento. "Tínhamos uma preocupação grande porque o final do ano passado não foi bom. Além da crise econômica, não fez calor no tempo certo", diz o presidente da Kyly, Salézio José Martins. Ele conta que a Kyly potencializou as vendas logo no início do ano.
"Dia 05 de janeiro já estávamos vendendo o inverno". Martins diz que foi solicitado um esforço de vendas dos representantes, com palestras de incentivo onde a única palavra que não poderia ser dita era "crise".
Segundo ele, com isso foi possível aumentar o número de clientes. "Em época de crise, os grandes lojistas procuram reduzir o número de fornecedores e priorizam as parcerias.
Para a coleção primavera/verão, a Kyly espera crescer mais ainda, 20%. Martins afirma que a empresa conseguiu consolidar a sua segunda marca, a Milon, que faz roupa infantil com maior valor agregado. "É uma família de peças que interagem entre si." A produção mensal da Kyly é de 1,1 milhão de peças. No ano passado a receita bruta foi de R$ 145 milhões e para este ano a previsão é de crescer 20%. Neste, vai investir R$ 5 milhões em modernização, menos do que em 2008, quando reaparelhou a tinturaria e gastou R$ 12 milhões, com recursos do programa Revitalize, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Exportação
A empresa também exporta 10% da produção para o México, Grécia, América Central, Israel e alguns países da América do Sul. Além das confecções, o condomínio empresarial da Kyly é composto por uma tinturaria, empresa de corte, bordado e estamparia.
A Brandili Têxtil, de Apiúna, que faz roupas para crianças de zero a 14 anos, aumentou em 7% a quantidade de peças produzidas para este inverno, o que significou 200 mil itens a mais do que no mesmo período do ano passado. No total, foram 2,7 milhões de peças prontas para a nova coleção. O gerente comercial da empresa, Germano Costa, afirma que as vendas estão apenas começando. "Os clientes não apostaram em crescimento em função da situação econômica e postergaram as compras", acredita. A previsão para 2009 era de 14 milhões de peças, 25% superior a 2008. Costa prevê que a meta não seja atingida.
Prejuízo com o câmbio
Devido à variação cambial, as jaquetas de microfibra importadas acabaram dando prejuízo à empresa. Costa diz que os pedidos foram fechados com o dólar a R$ 1,60 em agosto de 2008 e quando chegaram o dólar estava a R$ 2,40. "Tivemos que repassar uma alta de 50% ao preço da vestimenta, o que contribuiu para represar as vendas, mas vamos desovar os estoques ao longo do inverno, pois o frio ainda não chegou", afirma.
Para alavancar as vendas, dos R$ 12 milhões que a Brandili está investindo este ano, 70% é para marketing. Há duas coleções sendo apresentadas nos programas Super Nani e Sábado Animado, do SBT, uma de inverno e outra da primavera/alto verão. A Brandili direciona 95% da produção para o mercado interno, onde a demanda é boa, considera Costa. Segundo ele, nas duas últimas semanas o varejo reagiu bem e foi estimulado pelos lançamentos da nova estação e pelo Dia das Mães. A empresa está há 45 anos no mercado e presente em mais de 10 mil pontos de vendas. Emprega 1.500 pessoas, número que mantém nos últimos meses. Nesta semana, anunciou a união das empresas sob o mesmo guarda-chuva, ao criar o Grupo Empresarial Brandili, que será formado por diversos empreendimentos que além da área têxtil, inclui setores como o de logística, plástico e importação de polímeros.
A Damyller, de Nova Veneza (SC), aumentou a produção em 12% para a estação mais fria do ano e principalmente para atender novas lojas previstas para até o final do ano. Em 2009 estão previstas oito novas unidades e cinco reformas, totalizando R$ 5 milhões em investimentos. Hoje a empresa possui 72 lojas e produz cerca de 150 mil peças por mês.
Nova fábrica
Todas as lojas são próprias e estão presentes em 25 estados brasileiros e no Distrito Federal. O diretor Financeiro da Damyller, Cid Damiani diz que é melhor de se trabalhar quando a companhia administra todo o processo. "Planejamos tudo, da análise da necessidade de capital de giro ao controle nas vendas", diz. No segundo semestre, a empresa espera tirar da gaveta o projeto de uma nova fábrica de jeans, de 12 mil metros quadrados em Criciúma (SC).Além do jeans masculino e feminino, a empresa também produz malhas, camisaria, acessórios e roupa intima masculina. Damiani não revela a receita da empresa, mas afirma que a projeção de crescimento para este ano ainda é de 15%. Desconsiderando o faturamento das novas lojas, a expansão deverá ser de no mínimo 6%. Admite que o número pode ser revisto, já que a empresa registrou vendas abaixo da média no início do ano e o terceiro trimestre ainda é uma incógnita. "Estamos nos recuperando", afirma o empresário. Ele acredita na manutenção do crescimento em dois dígitos em 2009.
Damiani afirma que o inverno recém começou e vai puxar o resultado das vendas. A estratégia da empresa para não desabastecer é lançar a cada semana, às vezes a cada dia, uma nova coleção. O fato de trabalhar especialmente com jeans e moda, não atrela muito os lançamentos a uma nova estação. Para o inverno, o destaque fica com os casacos e jaquetas. A Damyller possui 1.800 funcionários e está há 30 anos no mercado. Dedica-se cada vez mais à moda lançando no mercado peças ousadas seja no corte, no modelo ou na lavagem do jeans.
Veículo: Gazeta Mercantil