O Centrum sumiu

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O líder das vitaminas desapareceu do mercado. Mas ele começa a voltar com fórmula exclusiva para o Brasil, algo inédito no laboratório. Cláudio Santos, diretor médico: "tropicalização" do Centrum considerou hábitos de alimentação dos brasileiros

 

Nos últimos dois meses, encontrar o polivitamínico Centrum nas gôndolas das drogarias do País é missão quase impossível. Da noite para o dia, o produto líder no setor de suplementos desapareceu, sem deixar rastros. Nem mesmo os farmacêuticos sabiam explicar o repentino sumiço. Muitos chegaram a imaginar que o laboratório americano Wyeth, o fabricante do produto adquirido em janeiro pela Pfizer por US$ 68 bilhões, havia perdido o interesse no mercado brasileiro. Afinal, o produto custava até R$ 100, o que limitava o público consumidor.

 

Mas não se trata disso. Por motivos operacionais, a fabricação do Centrum foi transferida do México - onde estava há quase três anos - para o Canadá. A mudança causou problemas de registro no Ministério da Saúde e de documentação para importação do produto. Resultado: durante 90 dias, o suplemento deixou de entrar no Brasil. "Tentamos evitar o desabastecimento, mas não deu. A transição envolve complexas questões regulatórias e de importação", justificou o presidente da Wyeth Consumer Healthcare, Carlos Sampaio.

 

O que seria um problema, porém, tornou-se peça-chave de uma importante mudança estratégica no Brasil. A pausa na importação serviu para a Wyeth colocar em prática uma mudança na fórmula do Centrum, adaptando-o às necessidades do brasileiro. A "tropicalização" - a primeira experiência desse tipo no mundo - pretende vitaminar as vendas no mercado e consolidar a empresa no topo do ranking. "Queremos passar dos atuais 29% para algo próximo a 35% do mercado brasileiro em três anos", disse Sampaio. O Brasil é hoje o terceiro maior mercado para o Centrum no mundo, atrás apenas dos EUA e do Canadá. Aqui, a marca detém quase o dobro dos 15% do segundo colocado, o Gerovital, e caminha há mais de uma década na liderança absoluta de um mercado que movimentou, em 2008, US$ 213,5 milhões.

 

O Centrum verde-amarelo não terá visual novo. Os ajustes estão escondidos na fórmula. Segundo o diretor médico da Wyeth, Cláudio Santos, depois de estudar durante quatro anos os hábitos de alimentação dos brasileiros, avaliar pesquisas nutricionais de universidades e compilar as estatísticas do IBGE, a Wyeth brasileira decidiu levar à matriz a proposta de alterar a fórmula do suplemento. "Provamos que o brasileiro tem hábito de alimentação diferenciado. Por isso, seria importante ajustar a fórmula - padrão", disse Santos.

 

As alterações começaram com a retirada de substâncias que já fazem parte do dia a dia do brasileiro, como silício, vanádio, cloro, estanho e níquel. "O estudo mostrou que a dieta do brasileiro já supria esses componentes. Era desnecessário mantê-los", argumenta Santos. Em compensação, foi ampliada em 50% a concentração de cálcio - em razão da grande incidência de problemas nos ossos - e aumentada a quantidade de vitaminas K e A. Os nutrientes essenciais foram mantidos. O lançamento de um produto voltado especialmente para o consumidor brasileiro se justifica.

 

O Centrum é o carrochefe da Wyeth no País, muito à frente de outros produtos fabricados pela empresa, como Advil, Magnésia Bisurada e Stresstabs. No ano passado, o faturamento no Brasil atingiu R$ 732,5 milhões, um aumento de 11,7% na comparação com 2007. A mudança na fórmula do Centrum servirá, segundo Sampaio, como um laboratório para outros importantes mercados para a Wyeth. Afinal, o desempenho do novo Centrum no Brasil nunca esteve tão atrelado à saúde financeira da Wyeth no mundo.

 

Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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