Emergentes mudam a geografia da indústria farmacêutica

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Em apenas três anos, a participação dos mercados emergentes no crescimento do setor farmacêutico passou de 16% para 51%. Enquanto isso, um mercado maduro como o norte-americano, que contribuía com 52% do crescimento, despencou para uma participação negativa de 19%. Essa virada, em tão pouco tempo, dos "farmaemergentes" - que incluem China, Brasil, México, Turquia, Índia, Coreia do Sul e Rússia - começa a chamar a atenção do mercado internacional e deve levar a um movimento mais intenso de aquisições na área, segundo levantamento da consultoria internacional IMS Health, divulgado com exclusividade para a Gazeta Mercantil.

 

"Quem está dentro quer ficar mais forte e quem está fora vai querer entrar", afirma o gerente geral da IMS Health, Raymond Hill. No total, porém, os Estados Unidos ainda respondem por 39% das vendas do mercado farmacêutico, seguidos pela Europa, com 18%; Japão, com 11%, os "farmaemergentes com 12%, Canadá, com 2%, e o restante dividido entre outros países do mundo.

 

Sozinhos, os norte-americanos movimentarão em 2009 entre US$ 280 bilhões e US$ 290 bilhões e a previsão é decréscimo de 1% a 2%. Os cinco principais mercados da Europa, que movimenta cerca de US$ 140 bilhões, devem crescer entre 2% e 3%, bem como o Japão, com US$ 87 bilhões, com projeção de alta de 4% a 5%. Paralelamente, os "farmaemergentes" devem crescer de 13% a 14%, movimentando algo em torno de US$ 85 bilhões a US$ 95 bilhões, conforme a consultoria. O restante do mundo deve movimentar entre US$ 150 bilhões e US$ 160 bilhões, com expectativa de crescimento entre 5% e 6%. No total, o mercado farmacêutico global movimentará até o final deste ano entre US$ 750 bilhões e US$ 760 bilhões, o que representa um crescimento to entre 2,5% 3,5%.

 

Segundo Hill, a China despontou no segmento em função dos investimentos de US$ 135 bilhões destinados ao seu sistema de saúde. O ranking geral do IMS em 2003, mostra os chineses em nono lugar, saltando para o quinto, em 2008, e devendo chegar ao terceiro lugar até 2013. "E o Brasil deve avançar, não só com os investimentos, mas também com a regulamentação do mercado", diz o especialista, acrescentando que regras claras são o melhor caminho para proteger o capital e atrair investimentos. No ranking geral, o País permaneceu na décima colocação entre os anos de 2003 e 2008, mas deve assumir o oitavo lugar em 2013, de acordo com o IMS.

 

Já na lista que leva em conta só os "farmaemergentes", o crescimento estimado entre 2008 e 2013 para a China, isoladamente, fica em torno de 20% a 23%; seguido pela Rússia, com 14% a 17%; Índia e Turquia, com 11% a 14%; Brasil e Coreia do Sul, com 7% a 10%, e, por último, o México (um dos mais afetados pela crise financeira), com 4% a 7%. No total, a média de crescimento do segmento farmacêutico no período deve ficar em torno de 13% a 16%.

 

Genéricos

 

"Os números mostram que quem procura dinheiro novo tem de buscar novos mercados", acrescenta o vice presidente comercial do IMS para as Américas, Sydney Clark. Ele diz ainda que os medicamentos genéricos tiveram um papel importantíssimo no sentido de ampliar os mercados nos últimos anos. Isso porque o processo de pesquisa e desenvolvimento é mais longo e a aprovação de novas drogas hoje em dia é muito mais rígida. "O risco do investimento na indústria farmacêutica hoje é muito alto", acrescenta Clark. Atualmente, esta indústria está entre as que mais investem em pesquisa, algo em torno de 15% a 20% do faturamento.

 

No Brasil, a participação dos genéricos no mercado farmacêutico como um todo, em unidades, encerrou o primeiro trimestre do ano em 17,7%, o que representa alta de 2,1% em relação aos 15,6% verificados em igual período do ano passado. Com isso, pelo segundo trimestre consecutivo, os medicamentos genéricos registraram recorde de vendas, com a comercialização de 71,2 milhões de uni-dades, 19,4% a mais que no mesmo período de 2008, quando atingiu a marca de 59,6 milhões. Em valores, houve alta de 21,7%, para R$ 939 milhões.

 

O segmento tem se mostrado tão promissor que foi responsável por um dos principais negócios na área até o momento, a compra da brasileira Medley pela francesa Sanofi-Aventis, por R$ 1,5 bilhão. Para a Sanofi, quarto maior grupo farmacêutico do mundo com faturamento global de € 27,5 bilhões, a receita proveniente de mercados emergentes como os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), já responde por aproximadamente € 6,5 bilhões. Neste contexto, o Brasil ganha uma força ainda maior dentro do grupo.

 

A aquisição garante à Sanofi a liderança no mercado de medicamentos sob prescrição, com R$ 2,27 bilhão em faturamento, passando à frente da Novartis. O laboratório se consolida também na liderança de medicamentos livres de prescrição médicas (os conhecidos OTCs) - que tem como carro-chefe o campeão de vendas em analgésicos, Dorflex. No segmento de genéricos, Sanofi-Medley ultrapassa a EMS com faturamento de R$ 1,32 bilhão

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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