Varejo adota novas estratégias para minimizar a inadimplência

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Acompanhar atentamente as estatísticas de desemprego e inadimplência, como forma de restringir ou fornecer crédito, além de aumentar o prazo de 10 para 14 meses para os devedores sanarem suas dívidas. São estas algumas das ações de redes como a líder do setor de móveis e eletroeletrônicos do País, Casas Bahia, além da companhia de vestuário Riachuelo, controlada pela Guararapes Confecções S.A., para reduzir as taxas de inadimplência e manter a saúde financeira das empresas em ordem. As empresas acompanham a expectativa da Associação Comercial de São Paulo, que prevê inadimplência de 12% a 13% este ano.

 

Com 29 milhões de clientes cadastrados e 550 lojas, a Casas Bahia quer fechar o ano com um nível de inadimplência de 9% a 10%. Para alcançar essa meta, a varejista busca diminuir o endividamento dos clientes. "O cliente pagava seu carnê no fundo da loja. O vendedor era avisado e induzia o cliente a fazer mais compras. Agora temos de dar o crédito de forma sadia, sem perder o ponto de equilíbrio", ressaltou Paulo Santos, diretor de Crédito e Cobranças. Outra mudança na rede é a forma de pagamento. Antes, "cerca de 90% das vendas eram com carnê. Hoje o número já está bem aquém, e o cartão híbrido, em algumas lojas, já compõe 80% das vendas. O risco de calote migrou para administradora de cartões, o Bradesco", disse Santos.

 

O executivo ressalta que as estratégias de concessão de crédito e promoções são avaliadas por região. "Não é possível dar o mesmo crédito a uma loja de Salvador, onde a taxa de desemprego é 11,9%, e de Porto Alegre, que é de 6,4%. O que se faz aqui não se faz ali." O diretor afirma que é preciso adaptar as réguas de cobrança e ver os índices de informalidade local. "Temos quatro tipos de régua de cobrança. Em certas ocasiões temos de fazer uma régua de comportamento, em outras, de produto." Agora, a maior preocupação da rede será com os pagamentos do segundo semestre, pois muitos desempregados não deverão receber mais o seguro-desemprego.

 

Riachuelo

 

Com 40 anos de mercado e há 23 anos na rede Riachuelo, José Antonio Rodrigues, diretor de Crédito e Cobrança, diz que na companhia a palavra de ordem é usar tecnologia, até porque a rede começa a emitir cartões Visa e MasterCard no segundo semestre. "Pode ser coincidência, mas há dois anos planejamos investimentos em tecnologia antifraude, em chip e de cobrança. Como resultado temos menores índices de inadimplência", comentou Rodrigues.

 

Com a tecnologia, de acordo com o executivo, a varejista agrega informações do cliente, cruza com outros bancos de dados e calcula a probabilidade de calote. E ele revela que hoje há mais eficiência na cobrança.

 

Rodrigues destaca que outra medida que ajudou a baixar a taxa de devedores foi ampliar o prazo de 10 para 14 meses, caso em que o cliente faz renegociação dos débitos, além de ampliar a gama de opções para a quitação da dívida. "Nossa taxa de inadimplência é de 8,5% neste trimestre, resultado 10% menor que o do mesmo período do ano passado."

 

Com um tíquete médio de R$ 150, a rede adotou melhorias para ceder crédito. "Com tecnologia, a recusa de crédito é menor, principalmente a pessoas autônomas, categoria em que cresceu o consumo. Nosso limite de crédito aumentou 30% e nossa taxa de juros caiu: antes era 6,9%, hoje é 5,9%."

 

Segundo o diretor, hoje a Riachuelo tem 15,5 milhões de cartões private label. "Cerca de 61% dos pagamentos são feitos com cartão próprio, 20%, com cartão de bandeira, e o restante, em cheque e dinheiro."

 

Resultados

 

"A companhia alcançou resultados positivos no primeiro trimestre deste ano, destoando das concorrentes", afirma Flávio Rocha, presidente da Lojas Riachuelo e diretor de Relações com Investidores. Apesar de baixo, o crescimento da rede, considerando a mesma base de lojas, foi 0,2% maior frente ao mesmo período de 2008, enquanto o lucro líquido cresceu 61%, atingindo R$ 18,5 milhões. A companhia apresentou ontem a campanha de lançamento, para o Dia dos Namorados, da marca Pool, que ficou fora do mercado por quase 20 anos.

 

"Este ano, nosso marketing será mais agressivo que em 2008. A estratégia será alavancar as principais marcas e trabalhá-las junto à imagem da Riachuelo", afirma. A verba publicitária mais que dobrará: o aporte será de R$ 80 milhões, sendo a maior fatia para merchandising para a Pool.

 

Veículo: DCI


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