Após um mês em vigor, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre produtos da linha branca já reativou as cadeias produtivas de geladeiras, fogões e máquinas de lavar. Segundo representantes do varejo, da indústria e de matérias-primas, o primeiro quadrimestre, em termos de vendas, variou de uma queda de 10% a um crescimento zero na base anual. No entanto, os números preliminares a partir do mês de maio dão conta de uma evolução igual ou acima dos patamares pré-crise.
O presidente da Whirlpool, José Drummond Júnior, fabricante das marcas Brastemp e Consul, disse que as vendas este mês devem ficar entre 15% e 20% superiores às registradas em igual período do ano passado. Segundo ele, a redução do IPI "está surtindo efeito" no consumo, sendo que a expectativa para os 90 dias de vigência da medida é de alta de 20% ao mês.
Drummond Júnior ressaltou que, se as vendas se mantiverem nos patamares atuais, poderá antecipar as contratações para a entrega dos pedidos do final do ano, que geralmente ocorrem entre agosto e setembro. "Tínhamos até planos de redução (de empregados), com as vendas nos quatro primeiros meses do ano vindo numa base de 0%, -5% ou -10%, dependendo do mês."
A rede varejista Magazine Luiza, que vinha em taxas entre 0% e -3% no primeiro quadrimestre, na comparação com igual mês de 2008, apresentou sua primeira taxa de aumento das vendas de 2009 no Dia das Mães. Segundo a presidente da companhia e do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), Luiza Helena Trajano, as vendas nas unidades com mais de um ano de funcionamento, que excluem as mais de 50 lojas abertas nos últimos sete meses na Grande São Paulo, subiram 8%. "Antes (do IPI), a gente vinha empatando ou ficando no negativo."
Conquista. A empresária destacou que o resultado foi conquistado em cima de um crescimento de 20% a 30% nas vendas da linha branca com redução do imposto. Luiza relatou ainda que a oferta de crédito nos últimos 30 dias "melhorou muito", em razão da queda acumulada dos juros, mas que o spread continua em patamares elevados.
O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal, destacou que a concessão de crédito começa a se normalizar. Segundo ele, isso pode ser comprovado pela retomada dos financiamentos da instituição para automóveis na condição de 72 vezes, que estava suspensa desde outubro do ano passado. "É um sinal bastante relevante de que estamos voltando a oferecer prazos nos patamares pré-crise", disse.
Na cadeia de matérias-primas, também já há indícios de melhorias nas encomendas de polipropileno, resina utilizada na fabricação de bens duráveis, como eletrodomésticos e automóveis, entre outros. "Sem dúvida, houve uma recuperação dos pedidos", afirmou o presidente da Braskem, Bernardo Gradin.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ