A Nestlé tem planos de duplicar a produção e o faturamento até 2012. Foi o que afirmou ontem o presidente da empresa, Ivan Zurita, durante seminário promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em São Paulo, que teve a presença de 250 empresários. De acordo com o executivo, o foco da empresa está em projetos de agressividade comercial, além da atenção a novos segmentos de mercado. "Não se pode reduzir investimentos em épocas de turbulência", afirmou Zurita, referindo-se à crise mundial.
Os riscos do cenário econômico, segundo o presidente da companhia, são incentivos para investimentos. "Estamos encarando uma nova realidade, temos que atuar de maneira diferente. É preciso ter velocidade e a capacidade de enfrentar e gerenciar os riscos inerentes a qualquer negócio. Sem riscos, não há oportunidades."
Nos últimos oito anos, a Nestlé dobrou o faturamento no País, atingindo ao fim de 2008 R$ 13,4 bilhões. Atualmente a unidade brasileira é a segunda em receita em todo o mundo. "Nesse período a Nestlé, de maneira inédita, atuou fortemente nas classes C, D e E, o que acabou provocando melhor distribuição do consumo. Ou seja, se antes 80% das vendas da companhia estavam concentradas em São Paulo e no Sul do País. Hoje, essa participação caiu para 67%. Na Região Nordeste, as vendas crescem o dobro da média brasileira", explicou o presidente da Nestlé.
O executivo afirmou que o faturamento da Nestlé proveniente das classes de baixa renda já ultrapassou R$ 1 bilhão. "Passamos um longo tempo estudando como funciona o dia a dia das pessoas de classes baixas, de forma a entender suas necessidades e oferecer produtos afins. Hoje, por exemplo, temos seis mil vendedoras porta a porta, porque sabemos que esses consumidores têm pouco tempo para as compras. O objetivo da Nestlé é acelerar a estratégia nesse grupo, pois encontramos nele uma grande massa crítica de consumo", explicou.
A regionalização também ajudou no sucesso da Nestlé neste período, disse Zurita. "Se fizéssemos apenas a divisão por regiões, não entenderíamos que os consumidores de Goiás poderiam ter perfis parecidos com os da Paraíba, e isso seria desperdício de oportunidades", disse.
Potencial. A empresa atualmente tem 98% de penetração nos domicílios do País e também vem crescendo significativamente no setor premium. "O potencial desse segmento", disse o executivo, "permite estimar um faturamento de R$ 500 milhões em cinco anos e a Nespresso, segundo ele, é prova disso, pois tem crescido rapidamente. Nos últimos anos, a empresa entrou em novos segmentos, como produtos à base de soja e bebidas lácteas enriquecidas.
Zurita defendeu a abertura de mercado e acordos bilaterais como forma de fortalecer as empresas brasileiras. "Em todas as áreas, somos altamente competitivos. O Brasil está condenado a ter sucesso. Falta apenas abrir o mercado", disse o presidente da Nestlé.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ