A volta das chuvas traz esperanças de melhores negócios no setor leiteiro gaúcho. Esse é o sentimento dos criadores de bovinos de leite presentes na 5ª Feira Nacional do Agronegócio (Fenasul), que acontece até domingo no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. O fim da estiagem, que desde o final do ano passado provocou quedas de até 35% na produção leiteira do Estado, representa uma oportunidade de recuperar os prejuízos sofridos.
O primeiro efeito sentido pelos produtores é o aumento no preço do produto. Na sexta-feira passada, o Conselho Estadual do Leite (Conseleite) divulgou a tendência do valor de referência para o produto no mês de maio, que é de R$ 0,6470, um acréscimo de R$ 0,08 em relação ao valor de março. Entretanto, o resultado ainda é pequeno se comparado com os valores do varejo, onde os preços já subiram até 8% nas últimas semanas. Embora o acréscimo ainda não tenha sido repassado aos produtores, ele já cria boas expectativas. Um dos produtores que está animado em relação aos negócios futuros é Germano Paiva, da Granja Tucané, de Rolante. "Estamos recém plantando as pastagens, mas em dois meses já deveremos sentir uma recuperação", analisa. Atualmente, criando 60 animais em uma área de 30 hectares, Paiva obtém uma produtividade de 600 litros por dia, o que deve crescer se o clima colaborar.
Com 200 animais produzindo dois mil litros de leite por dia em sua propriedade em Nova Bassano, o agricultor Dorval Cestonaro acredita que o novo momento do setor deve possibilitar maiores lucros. Devido à falta do produto no mercado, os preços não deverão baixar nos próximos meses. "O acréscimo no preço pago, combinado com a recuperação das pastagens, que permite a redução dos custos, deverá nos dar um ganho maior", explica.
Não são apenas os produtores que esperam recuperar os prejuízos. As indústrias de máquinas e implementos para o setor leiteiro também esperam um aumento nas vendas após um período de estagnação. A Intermaq, fabricante de ordenhadeiras que teve uma redução de 30% a 40% nos negócios devido à estiagem, está otimista em relação ao futuro. "As indústrias não pararam de investir e exigem aumento de produtividade e qualidade, o que só pode ser obtido através de tecnologia, então, logo as vendas deverão voltar ao normal", afirma Adalberto Moraes da Silva, vendedor da Intermaq.
José Ernesto Ferreira, da Gadolando, concorda que os negócios do setor deverão ter seu ritmo acelerado em breve. Segundo o dirigente, devido ao prazo de cerca de 60 dias para a recuperação das pastagens, a produção ainda deve se manter abaixo do normal durante esse período, garantindo preços mais elevados ao mesmo tempo em que promove o retorno da confiança dos criadores de gado leiteiro. "Quando há seca, o produtor fica mais receoso, mas agora está começando a voltar à normalidade", aponta. Ferreira lembra as boas condições para a realização de negócios. O Banrisul liberou R$ 12 milhões para financiamentos. Na aquisição de animais, poderá ser financiado até 100% do valor, com limite de R$ 30 mil por produtor/ano agrícola. O prazo para pagamento é de 36 meses para os bovinos de leite e 24 meses para demais animais, com taxas de juros de 6,75% ao ano. Já para máquinas o produtor conta com linhas como iname Moderfrota, Moderinfra e Moderagro.
Veículo: Jornal do Comércio - RS