O Brasil reciclou 53,4% das embalagens PET, usadas, por exemplo, para refrigerantes, descartadas ao longo de 2008. A taxa fica bem acima do registrado nos EUA, onde são reciclados 22,4% dos produtos descartados e a média da Europa, de 18%, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet). O plástico usado na produção de garrafas começou a conquistar mercado no início dos anos 90, principalmente por reduzir custos dos fabricantes de bebidas. A iniciativa ajudou a popularizar a bebida, chegando às classes de menor poder aquisitivo. Mas, ao lado das sacolinhas plásticas, a embalagem passou a ser vista como uma das vilãs do meio ambiente, em função do descarte em rios e lixões.
Após uma campanha intensa dos fabricantes de PET junto a empresas recicladoras, o produto hoje já é reutilizado largamente por indústrias têxteis, que transformam a resina em poliéster, e automobilísticas, que aplicam o plástico reciclado em diversos locais dos carros.
"Criando uma demanda pelo PET, conseguimos viabilizar a reciclagem", afirma o presidente da Abipet, Auri Marçon. Mais do que viável, a reciclagem tornou-se um negócio lucrativo. Em 2008, o faturamento dos negócios com reciclados de PET atingiu a marca de R$ 1,083 bilhão, quase metade da receita obtida com a resina virgem, de R$ 2,263 bilhões.
Depois de conquistar o mercado de refrigerantes, hoje o PET vem se diversificando, conquistando segmentos importantes como águas, que já respondem por 13,4% do destino, óleo de cozinha, com 12,2% e sucos de frutas, 2,2%. E um dos grandes argumentos a favor da resina está no peso. Na hora da distribuição, o PET representa apenas 2% do peso da carga, o restante é produto, enquanto o vidro, por exemplo, representa 45%.
Por isso, o refrigerante já foi responsável por quase 100% do uso de PET. Até pelas características, porque é transparente, leve, de fácil distribuição, além de barrar o gás e dar maior durabilidade ao produto. "O produto democratizou o mercado de refrigerantes, abrindo espaço para novas empresas", diz Marçon.
O fato de ser descartável ainda eliminou o processo de lavagem de cascos para reuso, que utilizam quase 4 litros de água por garrafa. Mesmo tendo sido uma das precursoras no uso do PET, a Coca-Cola vem investindo nas embalagens retornáveis. Mas isso não significa uma volta atrás no processo, o que seria muito difícil de ser conseguido diante das vantagens do PET. Segundo o gerente de Relações Institucionais da Coca-Cola Brasil, Maurício Bacellar, a empresa nunca teve a intenção de abandonar o PET. "Desde 2002, iniciamos uma diversificação das embalagens para atender todos os nichos", informa. Por isso, já existem 28 tipos de embalagens diferentes de refrigerantes da marca e seis delas são retornáveis.
Já a Companhia de Bebidas das Américas (AmBev) colocou em prática um projeto para reduzir o consumo de plástico, cuja tecnologia permite economizar 300 toneladas no primeiro ano.
Veículo: Gazeta Mercantil