A Philips vai começar a vender no Brasil lustres e abajures, segmento em que não há marcas conhecidas pelos consumidores. As primeiras luminárias da multinacional holandesa, fabricadas na China, chegarão em junho às lojas brasileiras, como Lustres Yamamura e C&C. Serão cerca de 300 modelos com preços diversos, que contemplam desde a classe AA até a C, e a marca Philips estará estampada nos produtos.
A multinacional é uma das maiores fabricantes mundiais de lâmpadas, negócio que deu origem ao grupo na Holanda, em 1891. Nesse segmento, a empresa possui três fábricas no Brasil: em Recife (PE), Varginha (MG) e Capoava (SP).
A decisão de entrar no mercado de luminárias faz parte da estratégia global da Philips, batizada "sensação e simplicidade", na qual a empresa passou a dar preferência para produtos relacionacionados a estilo de vida e saúde em detrimento de "commodities", como televisores, cujas margens de lucro são mais baixas.
Seguindo essa estratégia, a Philips anunciou ontem, na Holanda, que adquiriu a empresa italiana Saeco, maior fabricante de máquinas de café expresso do mundo. O acordo final para aquisição, porém, ainda depende da aceitação por parte dos bancos credores da Saeco, informou a companhia, segundo as agências internacionais .
As divisões de aparelhos portáteis, equipamentos médicos e iluminação tornaram-se mais importantes dentro do grupo que a área de eletrônicos de consumo, setor que foi dominado pelas grandes empresas asiáticas de tecnologia.
A multinacional holandesa estreou no segmento de luminárias em 2007 ao comprar a maior fabricante do setor na Europa, a empresa belga PLI, cuja participação no mercado europeu gira em torno de 7%.
A companhia possui duas grandes fábricas na China, embora mantenha uma unidade menor na Bélgica, de luminárias especiais. Na Europa, a PLI detém várias marcas, entre elas a Massive, a mais conhecida. Mas, no Brasil, a Philips optou por utilizar o seu próprio nome, o que, na avaliação da companhia, lhe dará uma vantagem competitiva.
Segundo Yoon Young Kim, vice-presidente da divisão de iluminação da Philips no Brasil, a maioria das pessoas não associa as marcas das luminárias aos fabricantes e sim aos varejistas, como as lojas da avenida Consolação, no centro de São Paulo, ou às lojas de material de construção.
Não há estatísticas sobre o tamanho do mercado de lustres e abajures no Brasil, onde esse é um negócio bastante pulverizado. "Esperamos ter 10% de participação e assumir a liderança do mercado brasileiro em três ou quatro anos", afirma Kim.
Globalmente, o mercado de luminárias não é nada desprezível. A Philips estima que esse segmento responda sozinho por 31% do mercado total de iluminação do mundo, avaliado entre € 60 bilhões e € 65 bilhões por ano.
As vendas de luminárias de consumo só ficam atrás das luminárias profissionais, que incluem empresas e edifícios públicos e representam 35% do mercado total de iluminação.
Com a aquisição da PLI, o segmento de luminárias passou a responder por 5% das vendas globais da divisão de iluminação da Philips. "Mas essa participação deve crescer nos próximos anos para 10%", disse Kim.
A entrada nesse novo segmento será um aprendizado para a multinacional holandesa, que é mais conhecida pelos aparelhos eletrônicos. Como as luminárias também são objetos de decoração, a Philips terá de incorporar o conhecimento de moda ao seu modelo de negócio, afirma Kim. "Vamos mudar a coleção a cada seis meses."
Neste ano, as vendas da divisão de iluminação da Philips registram uma queda de 5% em relação a 2009 no Brasil. "Mas nossa meta é de uma recuperação ao longo do ano e que as vendas sejam iguais às do ano passado", afirmou o executivo.
Veículo: Valor Econômico