Varejo quer assegurar que produtos não venham de áreas desmatadas
A rede do varejo Wal-Mart anunciou um pacto com a indústria para estimular práticas de sustentabilidade em suas cadeias produtivas. Presidentes de 18 grandes fornecedores da rede varejista, como Coca-Cola, Unilever, Nestlé, Sara Lee, JBS Friboi e Pepsico assinaram um compromisso de tornar os produtos que chegam às prateleiras dos supermercados mais "verdes". Entre as metas estão aumentar o monitoramento sobre produtos com origem na Amazônia, como carne e madeira; redução de embalagens em 5% até 2013; redução de 70% do fosfato em produtos de limpeza; e aumento da oferta de orgânicos em todas as categorias de alimentos.
A mobilização da indústria ocorre justamente no momento em que os fornecedores do varejo estão às voltas com uma polêmica envolvendo a cadeia da carne bovina na Amazônia. Um relatório da ONG Greenpeace divulgado no início do mês e que apontava a pecuária como grande vetor do desmatamento ilegal na Amazôn ia chamou a atenção do Ministério Público Federal e causou grande rebuliço no setor. As três maiores redes de supermercados (Wal-Mart, Pão de Açúcar e Carrefour) suspenderam a compra de carne de fazendas localizadas em áreas de desmatamento ilegal.
"Vamos exigir dos frigoríficos que façam planos de auditoria independente, que assegurem que os produtos comercializados pelo Wal-Mart não sejam procedentes de áreas de devastação" disse Héctor Núñez, presidente do Wal-Mart Brasil. Ele afirmou que o primeiro passo será exigir, junto com as notas fiscais da carne, cópias das Guias de Trânsito Animal (GTA), documento que serve como identificação de origem. Desde que a polêmica começou, a rede afirma já ter recusado um carregamento de carne vindo da região Norte. "Não vamos comprar carne até que tenhamos absoluta certeza de que ela não vem de áreas desmatadas."
Os três maiores frigoríficos do País - JBS Friboi, Bertin e Marfrig -, que são citados no relatório do Greenpeace como incentivadores do desmatamento na Amazônia, também assinaram o pacto e se comprometeram a monitorar os pecuaristas.
"A JBS Friboi não compra gado de propriedades que tenham cometido crimes ambientais nem que utilizem trabalho escravo. Não chegamos a sofrer restrições de mercado, mas é preciso estar atento a essas questões ", afirmou Marcus Vinícius Pratini de Moraes, membro do conselho de administração do JBS Friboi e ex-ministro da Agricultura. Ele afirma, no entanto, que é muito difícil exigir rastreabilidade de todos os produtores. Em todo o País, o JBS Friboi tem 16 mil fornecedores.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, também presente no evento, afirmou que está estudando, junto com o Ministério da Agricultura, medidas para tornar a rastreabilidade mais acessível para pequenos e médios pecuaristas. "Vamos assinar um protocolo com o BNDES para disponibilizar uma linha de crédito especial para as empresas que queiram modernizar sua cadeia e torná-la mais ambientalmente correta."
Veículo: O Estado de S.Paulo