Quem foi ao supermercado nos últimos dias se surpreendeu com o alto preço das frutas e verduras. Frutas, verduras nada escapou do acréscimo nos preços. Em alguns casos, o aumento chegou até 100%: o melão, por exemplo, pulou de R$1,50 para R$3 a unidade. O abacaxi, que até o mês passado custava R$2 a unidade, hoje está custando, em média, R$3 na feira, podendo chegar a R$4 em alguns supermercados. O preço da batata sofreu um aumento de 50% - de R$2, foi para R$3 o quilo. Em grandes mercados, este preço pode chegar até R$4.
"Acho um absurdo, como é que aumenta assim de uma hora para a outra? Fui fazer compras sexta-feira e fiquei assustada com o preço do tomate e da batata. Além da qualidade péssima, preços exorbitantes. Aumentou tudo, menos o salário", desabafou a secretária Cláudia Menezes, que faz compras semanalmente no Bompreço do Salvador Shopping. De acordo com o feirante Luís Ribeiro, as chuvas que castigaram o estado no mês de maio foram uma das causas do aumento dos preços. "A chuva acima do esperado fez com que as safras fossem menores. Diminuindo a oferta, os preços aumentam". Os alimentos mais afetados foram os de plantação rasteira, como amendoim, batata, tomate e inhame. Segundo Ribeiro, a média do aumento dos preços dos hortifruti foi de 40%.
Assim como a batata, melão e abacaxi, o tomate também aumentou de preço. Antes, o quilo estava saindo por R$1,80; agora, sai por R$2,20 nas feiras e chega a R$3,18 em supermercados. Entretanto, alguns alimentos baixaram de preço, como a cebola, o chuchu, o pimentão e a cenoura – esta última apresentou uma baixa de aproximadamente 30%, passando de R$30 para R$20 a saca com 20 quilos.
Conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os preços dos produtos alimentícios essenciais voltaram a aumentar em 15 das 17 capitais onde o instituto realiza pesquisa no mês de maio. Salvador teve a terceira elevação mais expressiva (3,90%), ficando atrás apenas de Natal (4,90%) e Recife (8,57%). O Dieese atribui este aumento, entre outros fatores, às inundações que atingiram o Norte e Nordeste e as secas no Sul. Considerando a variação anual (de junho 2008 a maio de 2009) do preço da cesta básica, Salvador foi a única capital do país em que o aumento superou o reajuste concedido ao salário mínimo em fevereiro último (12,05%), apresentando variação de 12,83%.
O Dieese estima mensalmente quanto deveria valer o salário mínimo para que este supra as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Em maio, foi determinado R$2.045,06 para o valor do mínimo necessário, ou seja, quase cinco vezes o valor do piso em rigor, de R$465. O Dieese também calcula o tempo de trabalho necessário para um trabalhador que ganha um salário mínimo adquirir uma cesta básica. Para o trabalhador soteropolitano, o tempo necessário foi estimado em 94 horas, o que significa que, para aqueles que fazem uma jornada de 8 horas diárias, são necessários quase 12 dias de trabalho para comprar uma cesta básica (custando atualmente R$198,63).
Para garantir a fartura típica da festa de São Pedro, consumidores vão ter que investir um pouco mais. De acordo o feirante Luís Ribeiro, a maioria destes alimentos não sofreu alta apenas por causa das condições climáticas, mas principalmente devido ao aumento da procura nesta época. "O milho, por exemplo, foi favorecido com as chuvas e hoje está custando R$0,60 a unidade. Já o aipim está saindo por R$1,29 o quilo e o amendoim, R$5". Além de ser um dos alimentos mais procurados no mês de junho, o inhame também apresentou aumento de preço por conta da crescente exportação do produto para a América do Norte e países da Europa, acarretando num salto de R$2 para R$4 o quilo nos últimos meses. De qualquer forma, Ribeiro garante que não haverá escassez de comida típica nas festas de São Pedro que estão chegando: "não precisamos nos preocupar, os preços estão salgados, mas a fartura é garantida", afirma.
Os consumidores que compram seus produtos na feira ainda gastam menos do que aqueles que costumam ir aos grandes supermercados. Em alguns produtos, diferença de preço é grande e, em tempos de crise, nada mais sensato do que levá-la em conta. Confira a tabela de preços dos hortifruti vendidos na Ceasa do Ogunjá e no supermercado Bompreço, na Bonocô.
Veículo: Tribuna da Bahia