Mabe paga US$ 35 milhões pela BSH Continental

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Operação no Brasil deve superar receita da matriz

 

A mexicana Mabe, fabricante de geladeiras, fogões e máquinas de lavar, confirmou ontem a compra da operação brasileira da BSH Continental Eletrodomésticos por US$ 35 milhões (cerca de R$ 70 milhões).

 

Com a aquisição da concorrente, a empresa quase que dobra o faturamento, de US$ 500 milhões para US$ 900 milhões no Brasil. Além disso, aumenta sua participação no mercado de eletrodomésticos da linha branca, de 16% para 25% em número de unidades, e ainda amplia a presença do Brasil no conglomerado mundial.

 

"Em 2010, a operação brasileira da Mabe vai faturar mais que a mexicana no mercado local", prevê o presidente mundial da empresa, Luis Berrondo. As vendas da companhia no mercado mexicano são da ordem de US$ 800 milhões por ano. Segundo o executivo, que veio ao Brasil anunciar oficialmente a compra da operação brasileira da BSH Continental, o potencial de consumo do País foi o principal atrativo para que o negócio fosse fechado.

 

"De todo continente americano, o Brasil tem o maior potencial", disse Berrondo, animado com a recente prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializado (IPI) incidente sobre os itens da linha branca. O presidente mundial da Mabe lembrou que as aquisições no Brasil são caras, em razão da valorização do real em relação ao dólar, mas esse fator desfavorável foi mais que compensado pela oportunidade estratégica que o País oferece em termos de mercado de consumo. Nesse sentido, ele ressaltou que se trata do maior negócio realizado pela companhia, que tem 17 fábricas espalhadas pela América Latina.

 

"Estamos comprando participação no mercado brasileiro, ou teríamos de aguardar dez anos para para ter uma fatia de 25%", calculou o presidente da Mabe para o Mercosul, Patricio Mendizábal. Além do potencial de mercado, ele observou que a proximidade entre as fábricas das duas empresas, quase vizinhas em Hortolândia, no interior do Estado de São Paulo, foi outro fator que jogou a favor para a compra. A sinergia entre as duas empresas está estimada em R$ 50 milhões.

 

O negócio, quitado à vista e com recursos dos próprios acionistas, envolveu duas fábricas em Hortolândia, um centro de distribuição, a marca Continental e o licenciamento da marca Bosch por prazo indeterminado. A Mabe terá acesso à tecnologia dos produtos Bosch já existentes no mercado. Também poderá lançar novos itens com essa marca. Neste caso, porém, esses produtos serão negociados com a companhia alemã.

 

Com a compra da BSH Continental, a Mabe terá cinco marcas de eletrodomésticos (Mabe, Dako, GE, Bosch e Continental) para administrar no País. Segundo Berrondo, as marcas serão mantidas. Ele não vê problemas em administrar um grande número de marcas e disse que a empresa já está acostumada com essa rotina. "No México, a Mabe cresceu comprando marcas locais", lembrou.

 

A negociação para a aquisição foi concluída em seis meses. Berrondo acredita que a crise apressou o negócio.

 

Quanto aos 1,6 mil funcionários das duas fábricas da BSH em Hortolândia, Mendizábal limitou-se a dizer que a perspectiva a médio e longo prazos é de ampliação dos quadros.

 

Procurada para falar sobre a aquisição, a Whirlpool, líder do setor com 40%, não se manifestou. A Electrolux divulgou nota contestando informações de mercado de que, com o negócio, ela ficaria em terceiro lugar no mercado: "A Electrolux do Brasil informa que, no acumulado de janeiro a junho de 2009, a empresa estima que detém 30% de participação em volume de vendas."

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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