O ano do Blu-ray

Leia em 4min 40s

Os preços do sucessor do DVD começaram a despencar - pela primeira vez, já é possível comprar um aparelho por menos de 1 000 reais

 

Revista EXAME - A evolução do preço de um aparelho que traz tecnologias revolucionárias costuma se dividir em três fases. Na primeira, o preço é tão alto que o produto acaba restrito aos mais fanáticos - desde que, claro, haja uma boa quantidade de dinheiro bancando esse fanatismo todo. Na segunda fase, a maior concorrência entre os fabricantes e o barateamento da tecnologia de produção começam a empurrar os preços para baixo, e a base de consumidores potenciais aumenta. Finalmente, chega-se à terceira fase, aquela em que a queda é tão vertiginosa que o consumidor resiste a comprar, esperando que o preço caia ainda mais. Foi assim, em exemplos recentes, com os televisores com tela de plasma ou LCD. E eis aqui uma boa notícia: os aparelhos de Blu-ray, sucessores do DVD e ideais para exibição de filmes em alta definição, estão começando a entrar na terceira fase - os preços estão desabando.

 
  
O ano de 2009 é um marco na história do Blu-ray no Brasil: pela primeira vez, os aparelhos podem ser comprados por menos de 1 000 reais. Em 2006, quando começaram a chegar ao mercado brasileiro, os tocadores de Blu-ray custavam cerca de cinco vezes mais (veja quadro). O maior chamariz da tecnologia era sua capacidade de armazenamento, até dez vezes superior à do DVD - o que tornou possível, pela primeira vez, o lançamento de discos contendo filmes inteiros em alta definição. Com esse preço, porém, eram poucos os que se aventuravam. O cenário começou a mudar no ano passado, quando o Blu-ray da Sony venceu o HD-DVD da Toshiba na batalha pela supremacia no mercado de vídeos de alta definição. O número de títulos à venda começou a crescer, e os preços, a cair. Nos Estados Unidos, onde um tocador de Blu-ray custa 200 dólares, as vendas subiram mais de 400% no ano passado. Por aqui, porém, o preço médio dos aparelhos ainda superava os 2 000 reais.

 

A situação no Brasil começou a mudar graças à agressiva estratégia de uma empresa sem a menor tradição no segmento. A Tectoy, conhecida por fabricar aparelhos de videogame na década de 90, começou a produzir tocadores de Blu-ray e a vendê-los por um patamar de preço muito inferior ao dos concorrentes estrangeiros. O passo mais ousado nessa estratégia foi o lançamento do primeiro aparelho vendido por menos de 1 000 reais, em abril. Hoje, o aparelho mais barato da Tectoy custa 899 reais. Enquanto todas as outras fabricantes importam seus aparelhos, a Tectoy consegue ter custos menores com sua produção local. Isso obrigou a concorrência a se mexer. A Samsung decidiu seguir a Tectoy e, com isso, baixou o preço de seu aparelho mais simples, de 1 699 reais, em dezembro, para 1 299 reais, hoje. Panasonic e LG preveem para o segundo semestre o início da produção local de seus aparelhos. "Esse é um divisor de águas", diz Raquel Martins, gerente de produtos de áudio e vídeo da LG. Curiosamente, também foi a entrada em cena de um fabricante brasileiro que mudou o patamar de preços dos DVDs. Em 2000, quando a Gradiente lançou um aparelho de DVD por 699 reais, o preço médio dos concorrentes era 30% maior.

 

Mas vale a pena gastar cerca de 1 000 reais na compra de um aparelho de Blu-ray quando um tocador de DVD custa menos de 100 reais? A resposta a essa pergunta depende, basicamente, do modelo de televisor de cada um. A grande diferença entre o Blu-ray e o DVD é a qualidade da imagem. Enquanto a resolução de um DVD é de 720x480 pixels, a do Blu-ray é de 1 920x1 080 pixels, ou seja, seis vezes maior. O problema, aqui, é que essa diferença é pouco percebida em TVs com tubo de imagem ou mesmo nos modelos mais simples de plasma ou LCD. De acordo com os especialistas, o par perfeito do Blu-ray é a TV Full HD, de alta definição - é apenas com ela que o consumidor perceberá as vantagens da nova tecnologia. "Hoje, os modelos de alta definição correspondem a 80% de nossas vendas de TV", diz Benjamin Dubost, diretor comercial da varejista Fnac. "Isso está ajudando a impulsionar o Blu-ray, que já representa 6% do total de aparelhos de vídeo vendidos." Com isso, aumentou também a oferta de títulos para Blu-ray no Brasil. Na Fnac, em 12 meses, o número cresceu de cerca de 150 para 800, com preços também em queda. Em 2007, o preço médio dos discos era 139 reais. Hoje, já há discos vendidos por 59 reais.

 

Com o aumento nas vendas de TV de alta definição e a percepção de que o Blu-ray está se tornando uma tecnologia mais acessível, os fabricantes preveem, para os próximos meses, uma queda contínua nos preços. "Todos vão chegar ao número mágico de 1 000 reais até o fim do ano", diz Raquel, da LG. "As vendas vão estourar no Natal." O principal fator de barateamento da tecnologia, no entanto, continuará sendo a onda de promoções prometida pela brasileira Tectoy. A fabricante estima que seus aparelhos custarão 699 reais no Natal de 2009. "Em 2010, o preço vai chegar a 499 reais", diz Fernando Fischer, presidente da Tectoy. A concorrência, felizmente, terá de correr atrás.

 

Veículo: Revista Exame


Veja também

La Serenísima está na mira de grandes grupos

A maior empresa de lácteos da Argentina, a Mastellone Hermanos, dona da marca La Serenísima, está &...

Veja mais
Juntas para inovar

Neste ano, o número de fusões e aquisições entre laboratórios quintuplicou - uma estr...

Veja mais
Nestlé lança biscoito integral “Combina Com”

Aprovada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, nova linha é ideal para o consumo entre as refeiç&otild...

Veja mais
Exportações de mel dobram em maio

As exportações brasileiras de mel de maio alcançaram US$ 7.973.821, correspondentes a um volume de ...

Veja mais
Pequenos varejistas vão poder financiar em até 24 meses em SP

Medida vale para compras de até R$ 10 mil de bens de consumo, como eletrônicos   A Fecomercio SP (Fe...

Veja mais
Ponto de venda se reinventa

Design diferenciado das lojas se transforma cada vez mais em ferramenta de marketing   Há dez anos, o casa...

Veja mais
Roupa infantil pode ter tamanho padronizado

Se projeto for adotado pelas confecções, idade será substituída por uma medida padrão...

Veja mais
Aos 80 anos, Leite de Rosas investe para se aproximar do público

  Para comemorar os seus 80 anos de presença no mercado brasileiro, a marca Leite de Rosas investe cerca de...

Veja mais
Omo mostra sua economia inteligente em nova campanha

"Faça as contas. Escolha Omo". Com esse mote, a marca de sabão ao pó visa reforçar aos seus ...

Veja mais