A brasileira Elgin, empresa que ficou famosa pela fabricação de máquinas de costura, prepara-se para entrar no mercado de equipamentos de TV digital. A companhia, conforme documentos obtidos pelo Valor, já teve aprovado pelo governo do Amazonas um projeto para iniciar a fabricação de receptores de TV digital em sua base fabril de Manaus, onde já produz diversos equipamentos. Procurada pela reportagem, a Elgin informou, por meio de nota, que "não tem nenhuma informação para passar sobre o tema".
O objetivo da Elgin é entrar no mercado de receptores de sinal de TV digital para uso em veículos e para transmissão local terrestre. No primeiro ano de operação, a companhia pretende fabricar 40 mil unidades de cada tipo de equipamento, ampliando esse volume em 20% nos dois anos seguintes. O cronograma prevê um investimento de R$ 2,5 milhões no prazo de três anos. O faturamento projetado com os produtos é de R$ 15,2 milhões nos primeiros 12 meses de atividade, com perspectiva de crescimento anual de 10%. Os planos da Elgin também incluem a montagem de novos receptores de posicionamento global por satélite, o chamado GPS, tipo de equipamento que já faz parte da lista de produtos da companhia.
A entrada no mercado de TV é mais um passo da Elgin rumo à diversificação. Há quatro meses, a companhia estreou no segmento de notebooks, que também são fabricados em Manaus. O plano é produzir 100 mil unidades do equipamento neste ano.
Empresa familiar e de capital nacional, a Elgin foi fundada em 1952. Hoje o grupo Elgin está dividido em diversas áreas e conta com três plantas fabris (duas em Mogi das Cruzes e uma em Manaus) e um escritório central em São Paulo. A linha de produtos inclui equipamentos de automação comercial, condicionadores de ar, web cam, tocadores de MP3 e cartuchos de tinta para impressoras, entre outros. As máquinas de costura também permanecem no portfólio. Os novos produtos de TV digital deverão ficar atrelados à Elgin Info Products, divisão criada para atuar especificamente no segmento de informática, cinema e foto. A Info Products já distribui no país impressoras multifuncionais e scanners, além das câmeras digitais da japonesa Canon.
A TV digital brasileira vive mais uma etapa de decisão política. Nos últimos meses, o governo federal intensificou a campanha para convencer países das Américas Central e do Sul a adotar o sistema ISDB-T de televisão digital. O anúncio mais recente é de que o governo cubano, que ainda não definiu qual sistema digital vai adotar, tem realizado diversos testes com o padrão nipo-brasileiro. O sistema já foi adotado no Peru, que anunciou a escolha em abril, mas há uma disputa acirrada com os europeus, que emplacaram o padrão DVB na Colômbia e no Uruguai. As decisões mais aguardadas agora vêm da Argentina e do Chile.
Em dezembro de 2008, havia 650 mil telespectadores que assistiam a seus programas por meio de sinal digital, segundo a Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). Para acelerar a adesão, o Ministério das Comunicações trabalha em uma portaria para que, a partir de janeiro de 2011, todos os aparelhos de TV fabricados no país tenham receptores digitais embutidos. O governo já introduziu essa mesma exigência, a partir de janeiro de 2010, para os aparelhos de 32 polegadas ou acima desse tamanho.
Veículo: Valor Econômico