Depois de uma forte queda nas vendas no primeiro trimestre, produtores brasileiros de papéis dizem que situação melhorou nos três meses seguintes. No entanto, a avaliação é que a recuperação aos níveis históricos de estoques esteja ainda longe de acontecer.
"É cedo para falar em recuperação do mercado mundial de papel", diz Máximo Pacheco, presidente da International Paper no Brasil, dona da marca Chamex de papéis. Ele disse que a queda nas vendas chegou a mais de dois dígitos nos três primeiros meses do ano. "No semestre, a queda nas vendas de papéis para imprimir e escrever é de 6%", disse. Pacheco afirmou que as vendas em maio já foram maiores 1% assim como no mês de junho que atingiu quase 2%.
A indústria de papel sofreu no início do terceiro trimestre de 2008 uma forte queda na demanda mundial, o que acabou por elevar a oferta de papéis no mercado. Distribuidores e empresas gráficas ficaram estocados, reduzindo os novos pedidos junto aos fabricantes.
"A tendência é que daqui para frente haja uma melhora no nível de estoques", aposta o diretor da unidade de papel da Suzano, Carlos Aníbal, que produz a marca Report e acaba de lançar uma nova versão do Reciclato, o papel reciclado branco. O executivo afirma que a recuperação dos estoques está num processo de "desenvolvimento". Ele deu o exemplo que a demanda começa a crescer com a chamada "mini-safra" da voltas às aulas.
Outro motivo, segundo Aníbal, é que os volumes cresçam na ordem de 20% no segundo semestre de forma a cobrir a demanda do governo do Programa Nacional do Livro Didático. "As vendas já começaram dentro do ciclo normal", disse Aníbal, aguardando novos reflexos no mercado interno.
A Suzano notou também uma melhora nas vendas de papéis-cartões utilizados pela indústria de embalagens. "O segmento de alimentos, por exemplo, praticamente não sofreu com a crise", afirmou o executivo.
As exportações continuam bastante afetadas principalmente pela queda na demanda nos EUA e Europa, constata a International Paper. A China continua liderando as compras, mas para atender seu mercado doméstico, afirmou Máximo Pacheco, salientando que as fabricantes chineses estão vendendo pouco ao exterior.
Veículo: Valor Econômico