Pesquisa do Dieese mostra recuo puxado pelas baixas dos preços do arroz e do feijão
A cesta básica de alimentos na cidade de São Paulo caiu 6,99% no mês passado em relação a junho de 2008, segundo análise da Pesquisa Nacional da Cesta Básica, feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) nos últimos 12 meses. Essa queda foi puxada pelo recuo dos preços de alimentos básicos como feijão e arroz. Em relação a maio último, os preços subiram 0,33%.
Segundo o coordenador da pesquisa, José Maurício Soares, a diferença negativa de 53,37% no preço do feijão, comparando junho com junho, aconteceu por causa do mau momento que os produtores viveram nas safras de 2007. “Problemas de clima fizeram com que ela fosse pequena, então a oferta foi baixa no começo do ano passado. Depois do meio do ano, a oferta se normalizou, e os preços caíram”, afirma ele.
A tendência foi semelhante para o arroz, cujo preço caiu 9,81% no ano, o óleo de soja, que caiu 26,02% e farinha de trigo, com queda de 22,64%.
Por outro lado, produtos como leite e o açúcar tiveram grandes altas na soma dos últimos 12 meses. O leite, por consequência da entrada no período de entressafra, fechou junho com preço 12,73% mais alto do que o apontado na pesquisa de maio, e terminou os 12 meses com alta de 31,91%. O açúcar, mesmo não tendo aumento em junho - seu preço caiu 0,7% -, acumula alta de 23,48%. “Os produtores estão priorizando a produção de álcool ao açúcar, que está com preço ruim no mercado externo”, afirma Soares. Para a cesta, o Dieese considera necessários 7,5 litros de leite e 3 kg de açúcar por mês, para uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Em São Paulo, o pão caiu de R$ 38,10 por quilo em junho do ano passado para R$ 36,12 no mês passado, queda de R$ 5,20%.
Estabilidade
A pequena elevação do preço da cesta, para Soares, não significa uma retomada das altas. “Dá para dizer que não subiu, já que o tempo de trabalho necessário para comprar a cesta era maior em maio”, afirma.
Para o professor de Economia da Faculdade Trevisan, Alcides Leite, a tendência dos preços das commodities (produtos em estado bruto)alimentícias é de estagnação. “Em 2008, o mercado internacional estava muito aquecido. Depois de setembro, a demanda mundial caiu muito, e os preços foram junto. É o lado bom da crise”, avalia ele. “Por enquanto não há sinais de reaquecimento no mercado que nos levem a pensar que os preços vão voltar a subir e nem de que haverá mais quedas acentuadas.”
Dentre as 17 capitais pesquisadas, São Paulo terminou junho com a segunda cesta mais cara (R$ 228,10). A cidade onde a cesta custava mais em junho foi Porto Alegre, com R$ 243,66. O custo em junho barateou em cinco das capitais - Rio de Janeiro, Recife, João Pessoa, Recife e Brasília, onde houve a maior queda, de 2,28%.
Veículo: Jornal da Tarde - SP