Razão direta da crise: os consumidores reduziram seus gastos em bares e restaurantes e estão comendo e bebendo mais em casa. Resultado: mais lucros para os supermercados.
A recessão econômica e a lei seca levaram os bares e restaurantes a uma boa ressaca. Em compensação, os supermercados faturaram com essa combinação, que lhes rendeu aumento de vendas de alimentos, cervejas e vinhos e lhes garantiu continuar crescendo, embora em ritmo mais lento. “O consumidor está comendo e bebendo menos fora de casa e comprando mais artigos dessas categorias nos supermercados”, diz Martinho Paiva Moreira, vice-presidente de Comunicação da Associação Paulista de Supermercados (Apas).
Segundo Paiva, as vendas do setor continuam se ampliando, apesar da crise financeira, também porque a renda das classes sociais da base da pirâmide continua aumentando. Mas, enquanto a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) prevê faturamento 5% maior este ano em relação a 2008, a Apas acredita em aumento de 2,5% das vendas nos supermercados paulistas: “A economia de São Paulo é mais consolidada e o aumento e a renda continua melhorando, mas em especial no Nordeste”. No ano passado, o faturamento do setor cresceu 10,5%.
Roberto Moreno, diretor executivo e financeiro da rede Sonda, considera a previsão da Apas conservadora. Ele se baseia nos resultados do grupo, constituído de 22 supermercados, todos no Estado, a maioria na região metropolitana, dos quais sete foram inaugurados em 2008. Por causa da expansão, a empresa deve faturar em 2009 cerca de R$ 1,5 bilhão, quase 50% mais que no ano passado (R$ 1,040 bilhão).
No entanto, segundo Moreno, cresceria em torno de 8% se tivesse mantido idêntico número de lojas: “A tendência até agora – e já estamos na metade do ano – aponta para esse patamar. E o segundo semestre tradicionalmente é melhor”. Ele explica que aumentou o valor do tíquete médio nas lojas: “O cliente está comprando menos supérfluos e comendo melhor”.
De acordo com Paiva, o consumidor está se concedendo pequenos prazeres, até, eventualmente, para compensar a contenção de outros tipos de gastos. Assim, aumentaram as vendas de itens para churrasco, por exemplo.
Já na categoria dos produtos de limpeza ocorreu o inverso. O cliente manteve o volume de compras, segundo Paiva, mas passou a levar marcas mais baratas: “Percebeu que não tinha muita diferença entre elas”.
Um freio nos planos
Embora suas vendas tenham continuado em ascensão, os supermercados, assim como os shoppings centers, tiveram de frear seus planos de expansão. A rede Sonda, por exemplo, planejava abrir este ano sete, e não apenas duas lojas (que inaugura no segundo semestre). As demais permanecem no papel.
O recuo da rede foi consequência do sumiço do crédito, segundo Roberto Moreno, diretor executivo e financeiro da empresa: “Tivemos dificuldade para captar recursos. Agora, esperamos por algum incentivo”.
Veículo: Diário do Comércio - SP