Uma propaganda espontânea feita a mais de 1,6 milhão de domicílios em todo o país por Roberto Carlos não tem preço. Foi o presente recebido pela Nestlé, pelo Itaú e pela Embelleze, que patrocinam a turnê de 50 anos de carreira do cantor. No meio do show do último sábado no Estádio do Maracanã, no Rio, o cantor agradeceu o patrocínio.
O evento e o agradecimento foram transmitidos pela TV Globo para todo o país com uma audiência de 29 pontos e share de 56%, ou seja, 56% dos aparelhos de TV ligados naquele horário estavam sintonizados na Globo, segundo dados do Ibope. Segundo a emissora, que teve o cuidado de pedir que os patrocinadores não colocassem faixas dentro do estádio para que suas câmeras não focalizassem anunciantes, o agradecimento de Roberto Carlos não estava previsto e foi feito espontaneamente pelo cantor. "Ele foi extremamente gentil e muito simpático em falar da nossa marca. Teve carinho", diz a diretora de Marketing do Itaú, Andréa Pinotti Cordeiro.
Um anúncio de 30 segundos nos intervalos do programa estava cotado a R$ 160 mil, mas, segundo especialistas em marketing, as empresas ganharam muito mais do que isso. "Roberto Carlos carrega com ele uma imagem de verdade, tem uma proximidade com seu público e é isso que o patrocinador deseja, associar sua imagem à do cantor pelo que ele representa", explica Fernando Mazzarolo presidente da agência McCann-Erickson.
Itamar Serpa, presidente da Embelleze, também gostou do agradecimento. "A nossa meta era mesmo chegar no público da televisão. Tivemos três inserções comerciais e ainda ganhamos esta", disse ele. "Não temos como medir o retorno, mas a propaganda fortalece o nome da empresa e, com certeza, trará influência positiva para a nossa marca", completa Serra.
O professor de Estratégia e Marketing do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Guilherme Tiezzy explica que, apesar de não ser imediato, a referência de Roberto Carlos pode influenciar na compra do consumidor. Segundo ele, 91% das compras feitas nos supermercados não são planejadas, 55% delas são decididas em frente à gôndola e 33% no caixa. Além disso, 80% delas são feitas por mulheres, maior público do cantor.
"É possível que, ao chegar no corredor, o consumidor se lembre da referência do cantor e decida, sim, experimentar o produto", afirma o professor. "Esse tipo de marketing trabalha a questão emocional do consumidor e é ela quem manda na hora de comprar na gôndola".
Veículo: Valor Econômico