Setor têxtil planeja abocanhar fatia maior do mercado global

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O programa Texbrasil, da Associação Brasileira da Indústria Têxtil de Confecção (Abit), desenvolvido em parceria com o programa federal Apex Brasil e que tem como meta aumentar a parcela do faturamento do setor têxtil por meio de exportações conseguiu a adesão de mais 46 empresas, segundo dados do balanço das ações no primeiro semestre de 2009, obtido com exclusividade pelo DCI.

 

Das cerca de quatro mil associadas da entidade, aproximadamente 1,4 mil passaram a contar com a orientação específica para entrar no mercado externo, que segundo o diretor Rafael Cervone, que também é presidente do Sinditêxtil-SP, deve chegar a US$ 500 bilhões. Dessa fatia, o Brasil responde por apenas US$ 2,5 bilhões, volume considerado baixo até mesmo para o desempenho interno do setor, que no ano passado registrou faturamento de US$ 43 bilhões, crescimento de 4% em comparação a 2007.

 

Esse programa poderá atender, segundo estimativa da Abit, aos 97% de empresas que não possuem escala de produção, um dos motivos que levam à dependência do mercado interno como destino da peças produzidas no País, que foi de 9,8 bilhões de unidades. Desse volume, 92% ficou em território nacional.

 

Nos seis primeiros meses do ano, o programa tem desenvolvido ações para entrar nos mercado do Leste Europeu utilizando a Polônia como porta de entrada, além da Dinamarca e Grécia. Na semana passada o Texbrasil recebeu consultores dessas regiões da Europa para estreitar o relacionamento, mostrar a cultura, o mercado brasileiro e algumas fábricas. "Essas são algumas das fases do trabalho que desenvolvemos, é a inteligência comercial", explicou Cervone em entrevista ao DCI. "Queremos mostrar aos estrangeiros de onde vem a brasilidade dos produtos brasileiros e não é o folclore de que falamos", disse o executivo. "Em uma feira em Madri, vi uma consumidora pagar 190 euros (mais de R$ 500) em um par de havaianas, porque ela me relatou que ao usá-las, sentia-se como se fosse a Gisele Bündchen no calçadão de Copacabana", exemplificou o executivo ao comentar a importância de agregar valor à imagem do País.

 

Para ele, a maioria das empresas brasileiras olha para o mercado interno que é forte, mas concorrentes estrangeiras também fazem isso. Esse interesse é justificado pelo crescimento do consumo nacional. Segundo dados da Abit, o brasileiro vem aumentando sua média de compras. Há três anos o Brasil apresentava um consumo de 7,5 quilos per capita e esse volume passou atualmente para 11 quilos. "Se o brasileiro tivesse um poder de compra mais elevado o consumo certamente seria bem maior", completou o diretor.

 

Custo-Brasil

 

Um dos problemas que o executivo vê para as empresas brasileiras ainda é o que classificou como custo-Brasil, composto de impostos e encargos que chegam a 40% do PIB do setor têxtil. Dentre os pontos que mais impactam no setor estão o custo da energia elétrica, custo do capital, mão-de-obra, entre outros. De acordo com ele, no Brasil o custo homem-hora é de US$ 3,50, na China é de apenas US$ 0,36 e há locais, como Bangladesh e Vietnam que esse valor é menor ainda e é de US$ 0,22.

 

Para blindar o setor produtivo nacional, que nos últimos 10 anos investiu cerca de US$ 10 bilhões para se modernizar, a associação tem buscado, ainda em parceria com o governo federal, estabelecer acordos preferenciais com países de maior relevância para as indústrias, como os Estados Unidos, Japão, México e União Européia. A preferência é pelo setor de transformação, cujo produto tem maior valor agregado e por englobarem toda a extensa cadeia produtiva. Essas regiões foram citadas por se tratarem de mercados mais maduros onde consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos melhor elaborados e com um viés, por exemplo, de sustentabilidade, outra característica marcante do produto brasileiro no exterior, segundo Cervone.

 

"Esse trabalho depende muito da visão do empresário e pode levar de um a três anos", explicou ele. "O setor possui cerca de 30 mil empresas, dessas, 75% são pequenas e micros, que podem exportar para 50 países, como um caso que temos no Texbrasil de empresa gaúcha que ainda é de pequeno porte", detalhou Cervone, que afirmou ainda que a meta é capacitar as empresas para se tornarem competidores mundiais, assim como a China, que já teve o rótulo de fornecer apenas produtos ruins está fazendo. Aliás, Cervone afirmou que o país oriental será uma nova fronteira da Texbrasil ainda este ano.

 

Veículo: DCI


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