Empresa promete produto com 90% menos calorias
Os montanhistas conhecem bem o problema: embalar o chocolate no saco de dormir produz grande frustração quando se chega ao cume. Para quem esteve caminhando sob temperaturas geladas, o chocolate se torna um bloco de pedra impossível de morder sem provocar a quebra de um dente.
Por outro lado, se o Sol estiver forte, não demora até que o chocolate se transforme numa meleca gosmenta. Na pior das hipóteses, chega-se ao cume da montanha, o destino final, e o chocolate já se liquefez completamente.
Mesmo se a temperatura estiver no ponto certo, resta o problema do ganho de peso. Como muitos de nós finalmente percebemos, o chocolate não está entre os artigos consumidos pelos magricelas.
Mas uma fabricante suíça de chocolate acredita ter encontrado a solução que poderia fazer desses problemas uma coisa do passado. A Barry Callebaut - cuja produção anual de mais de 1,1 milhão de toneladas de artigos de cacau e chocolate faz dela a maior produtora mundial - desenvolveu um tipo de chocolate com propriedades inteiramente novas. De acordo com o principal pesquisador da empresa, Hans Vriens, o chocolate apresenta 90% menos calorias do que o produto comum.
Além disso, as altas temperaturas não parecem afetá-lo - a menos que, por acaso, ultrapassem os 55°. Dependendo da sua composição, o chocolate tradicional começa a derreter a partir dos 30°. E foi isso que inspirou o nome experimental que os desenvolvedores atribuíram ao novo produto: "Vulcano."
Os criadores da nova barra querem usá-la para combater um problema cada vez maior: na Europa Ocidental e na América do Norte, o consumo de chocolate começou a estagnar e, em alguns casos, entrou em declínio. No último ano, os fregueses dos 8 maiores países da Europa Ocidental consumiram 2% menos chocolate. Nos Estados Unidos, o consumo caiu 8%. Sob tais circunstâncias, os fabricantes são obrigados a depender dos mercados emergentes para obter lucros no futuro.
O "Vulcano", chocolate de baixas calorias, será comercializado sob a forma de barras e biscoitos. Nesse mercado estagnado, a Callebaut espera atrair amplo interesse, especialmente nos Estados Unidos, país obcecado por dietas e regimes. Graças à sua habilidade de resistir às altas temperaturas, o "Vulcano" tem também uma chance real de conquistar uma fatia do mercado nos países mais quentes do mundo.
Segundo Vriens, a empresa quer começar a promover o produto na Índia, China e no sul da Europa.
"A ideia soa intrigante", diz Daniel Bürki, analista financeiro do Zurich Cantonal Bank. Mas ele ainda não está convencido das chances de sucesso do chocolate. "Experiências anteriores mostram que um chocolate à prova de derretimento não é capaz de concorrer com o produto tradicional em termos de sabor", diz. Mas, se a Barry Callebaut realmente solucionou a questão do sabor, acrescenta ele, o "Vulcano" pode se tornar um imenso sucesso. "No clima quente dos mercados emergentes, em especial na China, há uma classe média cada vez maior, que pode pagar por um pouco de chocolate - e deseja fazê-lo."
Veículo: O Estado de S.Paulo