Notebooks enfrentam falta de peças

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Crescimento das vendas no País surpreende fabricantes, que já têm dificuldades para achar componentes

 

Depois de uma forte queda no final do ano passado, as vendas de notebooks voltaram a crescer no País, e a recuperação vem sendo tão significativa que surpreende até os próprios fabricantes. Com planos muito mais modestos para as vendas este ano, eles vêm enfrentando até uma inusitada falta de peças para a montagem dos computadores.

 

Segundo um levantamento, ainda preliminar, da consultoria IT Data, as vendas de notebooks no segundo trimestre devem ter ficado em cerca de
1 milhão de unidades, um crescimento de mais de 50% em relação às 650 mil unidades do primeiro trimestre. "O mercado de notebooks deve crescer 10% este ano, enquanto o de computadores como um todo deve cair 8%", diz Ivair Rodrigues, presidente da IT Data.

 

A volta do crédito ao consumidor, somada ao fato de o notebook ser ainda um produto de baixa presença no mercado brasileiro, impulsiona as vendas. "A pessoa física está comprando notebooks, mesmo que ele custe mais caro. O mercado de desktops hoje está mais concentrado nas empresas", diz Rodrigues.

 

Outra pesquisa, da consultoria IDC Brasil, apontou que, no segundo trimestre, foram comercializados 740 mil computadores portáteis, volume 19,7% superior aos 618 mil notebooks vendidos nos primeiros três meses do ano. O resultado, embora bastante positivo, ainda é 9,5% menor em comparação com o segundo trimestre de 2008, quando foram vendidos 818 mil máquinas. O IDC projeta um crescimento de 6% nas vendas de notebooks este ano.

 

Como haviam reduzido a expectativa de produção para este ano, os fabricantes estão tendo de se readaptar à nova realidade. "Como os pedidos que chegam agora no mercado foram feitos no fim do ano passado, essas empresas agora estão notando a falta de alguns componentes", diz o analista de mercado da IDC, Luciano Crippa.

 

A multinacional coreana LG foi uma das empresas que teve de rever para cima o nível de produção. "Sentimos no primeiro trimestre essa falta de material, porque o mundo inteiro tirou o pé do acelerador, enquanto o Brasil continuou aumentando os volumes vendidos", diz o gerente de produtos de notebooks da LG, Fernando Fraga. Ele diz que o fornecimento só voltou à normalidade em abril.

 

Na distribuidora Aldo Componentes Eletrônicos, que fornece para vários fabricantes nacionais, peças como os leitores ópticos de DVD e CD agora só devem chegar ao mercado no ano que vem. "Recebemos hoje 20% da nossa necessidade de peças para notebooks", diz Aldo Pereira Teixeira, diretor presidente da empresa. Além do descompasso nos pedidos em relação à demanda, ele diz que muitos fornecedores asiáticos também cortaram a produção ou fecharam as portas.

 

O gerente geral da distribuidora AllPlus para América Latina, Fábio de Deus, diz que, por conta da falta de peças, vários componentes já subiram de preços. "Os monitores de LCD já subiram por causa da redução na produção do vidro", afirma. A fabricante de memórias Kingston também elevou os preços no início do ano, por causa do menor nível de produção.

 

NETBOOKS

 

Boa parte da expansão do mercado que vive hoje o País se deve aos netbooks, portáteis menores e mais baratos, que são agrupados na mesma categoria dos notebooks. "A entrada do netbook no mercado impulsionou as vendas", diz Crippa.

 

Os netbooks são, por exemplo, a aposta da Itautec para este ano. A companhia, que planejava lançar essas máquinas no final de 2008, acabou postergando o lançamento para abril, em razão da crise e de ajustes na configuração. "A decisão foi acertada. Em dois meses, vendemos 2 mil netbooks", diz Claudio Vita, vice-presidente da Itautec.

 

A taiwanesa Asus começou produzir no Brasil netbooks e placas-mãe no início do ano, graças ao bom desempenho do mercado. A empresa está entre as duas maiores no mercado de netbooks no País.

 

Para Crippa, as vendas no primeiro semestre deste ano poderiam ser ainda melhores, não fossem os impactos da crise. "As fabricantes pequenas passaram por dificuldades e saíram do mercado", afirma.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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