'Mercado de chuva' guia preços das hortaliçasno atacado de SP

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As persistentes chuvas que caem em São Paulo neste mês de julho, quando tradicionalmente o tempo é seco, prejudicaram colheitas e transportes de hortaliças e ampliaram a volatilidade dos preços de produtos como batata e tomate no atacado.

 

Com os temporais que se sucedem no cinturão verde que cerca a região metropolitana da capital desde quinta-feira passada, a batata foi o item mais afetado, segundo levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq) e da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Mas pimentão, berinjela e chuchu também sofreram, porque não houve colheitas no último fim de semana.

 

Caio Gorino, analista do Cepea, explica que essas chuvas contínuas paralisaram os trabalhos em Itapetininga, importante fornecedor do tubérculo nesta época do ano, quando o município colhe, ironicamente, sua "safra da seca". A colheita chegou a 70% do previsto até a semana passada e foi parcialmente retomada na terça-feira. Somadas as safras "seca" e das águas, no verão, Itapetininga conta com cerca de 6 mil hectares de batata, de acordo com Gorino.

 

Pesquisa do Cepea mostra que, com a paralisia da colheita no fim de semana, a caixa de 50 quilos da batata chegou a R$ 65 na segunda-feira, 21% mais que na sexta. Ontem, depois da retomada da colheita - que, dependendo das chuvas, pode voltar a parar -, o preço voltou a R$ 52. Na Ceagesp, informou Flávio Luís Godas, chefe da seção de economia e desenvolvimento da estatal federal, a caixa chegou a R$ 100 na segunda, mas caiu ontem para R$ 60.

 

Também extremamente suscetíveis às intempéries climáticas, o tomate enfrentou menos problemas nos últimos dias, porque há menos regiões paulistas com colheitas em curso - é o caso de Mogi Guaçu. Mas as chuvas já haviam prejudicado a safra de inverno em algumas áreas, inclusive em Mogi, em razão do aumento da incidência de bactérias e fungos, conforme o analista Richard Truppel, também do Cepea. Das principais áreas produtoras do país, Mogi Guaçu, com 9,5 milhões de pés, responde por 18%.

 

Nesta frente, batata e tomate são os produtos com maior peso nos índices inflacionários do país, mas quem for às compras nos próximos dias também deve se preparar para fortes oscilações de itens como pimentão, berinjela e chuchu, que sofreram com os temporais que castigam São Paulo desde a semana passada.

 

Godas, da Ceagesp, afirma que, na sexta-feira, a caixa de 12 quilos da berinjela era negociada entre R$ 10 e R$ 14 no entreposto da capital paulista. Chegou a R$ 20 no fim de semana, mas caiu para R$ 18 na segunda e, se São Pedro ajudar, deve recuar mais. O chuchu foi na mesma linha: na sexta-feira a caixa de 22 quilos valia entre R$ 15 e R$ 20, subiu para R$ 25 na segunda e ontem já estava em R$ 20.

 

O executivo explica que a Ceagesp não sentiu impactos climáticos relevantes sobre a oferta de verduras, mas prejudicadas por temperaturas elevadas e sol, que deram pouco o ar da graça em julho. "Mas, de qualquer forma, as chuvas 'lavam' as vitaminas das folhas", ressalta. No caso das frutas houve problemas de oferta, mas por causa das chuvas no Nordeste, que afetaram o abastecimento do melão trazido do Rio Grande do Norte, do abacaxi vindo de Tocantins, da melancia de Goiás e do mamão da Bahia e do Espírito Santo. "Mas há opções, como banana, morango, maçã, manga e pera".

 

Godas acredita que o Índice Ceagesp, que mede o comportamento dos preços de uma cesta de 105 produtos, não fechará o mês com altas relevantes causadas pelas chuvas mesmo que abobrinha, quiabo e vagem também tenham subido, até porque itens como cenoura, mandioca, beterraba e mesmo o tomate ficaram mais baratos. No primeiro semestre, o indicador recuou 5,06%.

 

Veículo: Valor Econômico


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