Cresce lista de compras das classes D e E

Leia em 3min 20s

Pesquisa: Consumidor que levava só 22 itens, agora põe leite longa vida, salgadinho e iogurte no carrinho


 
Açúcar, óleo, macarrão, suco em pó, café e outros produtos básicos formavam, até o ano passado, o conjunto dos 22 itens que entravam para o carrinho de compras das famílias brasileiras das classes D e E, com renda média mensal de até R$ 846. Refrigerantes e condicionadores de cabelo eram as poucas extravagâncias permitidas.

 

Mas no último semestre, cinco novas categorias de produtos engordaram a compra desse consumidor: achocolatados em pó para misturar com leite, o próprio leite (em versão longa vida), caldos de carne e suas variações, iogurtes e salgadinhos. Da mesma forma, as famílias que ganham entre R$ 1.244,00 e R$ 1.752,00 (da classe C) também incrementaram a lista de compras - que de 32 passou a ter 33 categorias de produtos, com a inclusão do creme de leite.

 

"Os brasileiros de classes mais baixas estão comprando mais e melhor", diz Ana Fioretti, diretora executiva da LatinPanel, empresa que coordenou um estudo para mapear os hábitos de consumo de 8.200 lares durante o primeiro semestre deste ano.

 

Três fatores combinados, segundo Ana, foram os responsáveis pela "turbinada" nas compras de supermercado das camadas mais baixas da população. O primeiro deles é o ganho de renda que essa parcela de consumidores vem conquistando nos últimos cinco anos. "Além da renda, o que fez o comportamento de compras desses dois conjuntos mudar foi o medo de que uma crise econômica chegasse e também o que chamamos de 'movimento casulo' - ou seja, a tendência de as pessoas ficarem mais tempo em casa", diz Ana.

 

Como a recessão não veio - pelo menos para a maioria dos setores - sobrou dinheiro no bolso do consumidor. O dinheiro que ele deixou de gastar em bens duráveis comprados a crédito. Somando-se a isso fatores como a Lei Seca, a gripe suína, o medo da violência e a falta de tempo, os consumidores, conforme a pesquisa, escolheram passar mais tempo em casa, mas com mais qualidade. Por isso, o volume das cestas de alimentos, bebidas, higiene pessoal e produtos de limpeza comprado pelas famílias brasileiras aumentou 14% nos primeiros seis meses de 2009, em relação ao mesmo período de 2008. O valor gasto com esses itens cresceu 19% no mesmo intervalo, de acordo com o levantamento da LatinPanel.

 

Esse crescimento, segundo Ana, supera a performance do primeiro semestre de 2008, quando o volume de compras encolheu 3% (em comparação com a primeira metade de 2007) por conta da inflação dos alimentos verificada naquela época.

 

"O que temos agora, entretanto, não é apenas a recuperação do poder de compra perdido no ano passado. É um incremento real", afirma a especialista. A entrada dos consumidores classes C, D e E em novas categoria, segundo ela, é uma prova desse movimento.

 

Todas as categorias de produtos analisadas tiveram alta no consumo. A compra de alimentos, por exemplo, cresceu 15% em volume no comparativo com o mesmo período de 2008. A cesta de limpeza cresceu 13% e a de bebidas e higiene, 8% e 6%, respectivamente.

 

Outro fator que demonstra elevação nos gastos das famílias, conforme a pesquisa, é o valor médio gasto por compra, que também subiu: passou de R$ 11,55 no primeiro semestre de 2008 para R$ 12,45 no mesmo período deste ano. A quantidade de idas ao ponto de venda, seja ele supermercado, mercearia, padaria ou açougue, também aumentou. Na média - e independente de classe social - o consumidor, que fazia 13 visitas mensais, agora faz 15. "Ao que parece, as pessoas só querem sair de casa se for para abastecer a despensa", brinca Ana.
 


Veículo: Valor Econômico


Veja também

Propaganda de alimento terá frase de advertência, como os remédios

Mesmo com norma da indústria, Anvisa publicará regras para produto com alto nível de aç&uacu...

Veja mais
Marcas vão deixar as crianças em paz

Campanhas publicitárias que marcaram época, como os inesquecíveis mamíferos da Parmalat, o f...

Veja mais
Álcool gel: preços sobem com procura maior

A Loja Tudo, localizada em Moema, como o próprio nome diz, vende artigos que vão de eletrodoméstico...

Veja mais
Venda cresce 19%

A venda de medicamentos genéricos no Brasil gerou um faturamento de R$ 2,015 bilhões no primeiro semestre ...

Veja mais
Walmart inaugura centro de distribuição em Minas Gerais

O Walmart inaugurou, ontem, um Centro de Distribuição em Betim (MG), cidade da região metropolitana...

Veja mais
Classes C e D consomem mais e redes diversificam produtos

Vinhos, queijos e batata congelada importados são os novos integrantes da cesta de compras mensal dos consumidore...

Veja mais
Setor de plástico fica em alerta com fusão Braskem-Quattor

A negociação entre Braskem e Quattor, que poderá criar uma nova companhia detentora de quase 100% d...

Veja mais
Tóquio testa nova ferramenta de marketing: um café

À primeira vista, o Lcafe não parece diferente das dezenas de aconchegantes cafés no bairro de Shib...

Veja mais
Fim isenção de PIS e Cofins pode encarecer produtos

Daqui até o fim do ano pode ter início uma corrida dos consumidores ao mercado de computadores pessoais pa...

Veja mais