Frutas brasileiras, trunfo da exportação

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Produtores expõem em evento o que conseguiram com investimento e tecnologia.

 

O setor brasileiro de frutas está investindo cada vez mais em pesquisa e tecnologia. Os resultados são produtos diferenciados, com cores fortes, tamanhos inusitados e sabor adocicado. Entre as inovações encontradas no mercado estão itens licenciados, melancias com semente comestível (como pequenos grãos), ou na variedade sem semente, ao lado de frutas exóticas e de cachaças feitas à base de pêra e banana.
 


Todas essas novidades podem ser encontradas na primeira edição da Feira Internacional de Frutas, Derivados, Tecnologia de Processamento e Logística (Fruit & Log), que começou ontem e vai até amanhã no pavilhão amarelo do Expo Center Norte, na capital de São Paulo. 


 
O evento reúne 80 empresas expositoras em 2 mil metros quadrados de área e a expectativa dos organizadores é de receber 5 mil visitantes nacionais e internacionais. Logo na entrada da feira, uma exposição de frutas e vegetais esculpidos pelo artista Roberto Takata se destaca pela riqueza de detalhes na sua construção. A arte da decoração de mesas sempre se valeu do visual rico em cores e sabores desses produtos.
 


No ranking mundial de produção de frutas, o Brasil aparece em terceiro lugar, com 43 milhões de toneladas, entre frutas tropicais, subtropicais e temperadas ofertadas ao longo de todo o ano. Segundo o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), o País fica atrás apenas da China (175 milhões de toneladas) e da Índia (57 milhões de toneladas). Cerca de 30% da produção nacional é destinada à exportação.


 
No ano passado, no total, foram exportadas 888 mil toneladas de frutas frescas, com receita de US$ 724 milhões. Já as frutas processadas, em 2008, renderam US$ 2,4 bilhões. Só o suco de laranja, por exemplo, totalizou US$ 1,23 bilhão.


 
Outro produto em destaque no mercado internacional é o açaí, fruta produzida nas regiões norte e nordeste do Brasil. Cerca de 60% de toda a safra é exportada. A Amazonfrut, empresa de Belém do Pará, que produz 650 mil toneladas por ano, aposta em crescimento de 10% em 2009 ante o ano anterior. De acordo 'com o diretor Abílio Cordero, os Estados Unidos são os maiores compradores.
 


Nos últimos dois anos, houve aumento de 67% nos lançamentos de produtos industrializados com base no açaí no mercado americano. "Além disso, os brasileiros de outras regiões estão começando a consumir o açaí do jeito que é consumido no Pará: puro, sem adição de açúcar ou qualquer outro ingrediente," diz.
 


Novos paladares – Essa mudança no paladar do brasileiro aliado à vontade de experimentar novos sabores contribui com o aumento de vendas de frutas exóticas. No estande do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), onde estão reunidos produtores, associações e cooperativas, algumas curiosidades chamam a

 

É o caso da atemóia, uma espécie de fruta do conde, mas com sementes menores, e da kinsei, uma mistura de tangerina com laranja, de cor forte, formato grande e sabor acentuadamente adocicado.
 


Segundo um dos produtores da Associação Paulista de Produtores de Caqui (APPC), Francisco Takahiro Yamashita, cerca de 100 mil caixas de 5 quilos de atemóia são fornecidas por ano pela entidade. Desse total, 10% são exportados. Além das frutas exóticas, fazem parte da produção uvas itália e ruby, ameixa e lichia. "Mas as pessoas gostam mesmo é de experimentar novos sabores," afirma Yamashita.
 


A APPC é formada por 70 associados que, além de se unir para reduzir custos, trabalham em conjunto aprimorando as técnicas de cultivo. Com capacidade de produção de 9,7 mil toneladas, a área plantada no interior paulista (Mogi das Cruzes, Ibiúna, Piedade, Pilar do Sul, São Miguel Arcanjo, Guapiara, Apiaí e Itapeva) é de 420 hectares.

 

Um dos objetivos dos expositores da Fruit & Log, que está sendo realizada em São Paulo, é facilitar o consumo de alguns produtos. É o caso da

 

Frutas Doce Mel, que lançou a melancia licenciada da Magali, personagem da Turma da Mônica. Nas histórias em quadrinhos, a menina desenhada por Maurício de Sousa é apaixonada pela fruta. Apesar da novidade na embalagem, o diferencial está mesmo dentro da fruta: no lugar de caroços, pequenas sementes comestíveis impressionam o consumidor. A empresa inovou também ao produzir outro tipo de melancia, sem nenhum tipo de caroço. Para o diretor comercial Rodrigo Borba, as vendas devem aumentar 50% neste ano em relação a 2008.
 

 

Ele explica que a "mágica" está no cultivo. "Duas sementes precisam ser plantadas juntas. De uma só raiz, nascem duas melancias: uma 'rouba' todas as sementes da outra".  Cerca de 30% da produção é destinada à exportação, com destaque ainda para quatro tipos de melão, dois tipos de abacaxi e dois de mamão.
 


O potencial de consumo do brasileiro, sempre ávido por novidades, também atrai a atenção de produtores internacionais. O Uruguai trouxe cinco empresas produtoras de frutas e a Itália está presente na Fruit & Log com três expositores.
 


De acordo com a organização do evento, o objetivo é trazer, a cada edição, um número maior de importadores interessados nas frutas, legumes e derivados do mercado nacional. "Estamos no caminho certo, fazendo investimentos, também,  em modernas técnicas de produção e processamento, além de variedades de frutas adequadas para atender a demanda dos principais compradores mundiais", diz o presidente do Ibraf, Moacyr Saraiva Fernandes.

 

Veículo: Diário do Comércio - SP


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