O susto foi grande no setor de leite longa vida quando uma operação da Polícia Federal, em outubro de 2007, apontou que as cooperativas mineiras Casmil e Coopervale adulteravam leite cru que forneciam para processamento por indústrias de lácteo. Entre as empresas que compravam matéria-prima das duas cooperativas estava a Parmalat.
A suspeita de adulteração do leite cru com água oxigenada e soda cáustica - com o objetivo de aumentar os volumes - fez as vendas do segmento de longa vida estagnarem entre 2006 e 2007 e levou o Ministério da Agricultura a reforçar as inspeções e o controle nas indústrias. Também teve outro efeito: a Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV) implantou um programa de monitoramento da qualidade do produto. Com o programa, a ABLV quer garantir que o leite é produzido dentro dos padrões exigidos pela legislação nacional.
Há um ano, desde que o programa foi implantado, amostras de leite longa vida de cerca de 70 marcas são coletadas nos pontos-de-venda e analisadas em laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura.
Por trimestre, são 70 a 80 amostras coletadas no país. De acordo com o presidente da ABLV, Cláudio Teixeira, nenhuma amostra avaliada até hoje "estava fora da legislação". No total foram 350 coletadas desde setembro do ano passado. Nas análises são verificados itens como quantidade de gorduras, proteínas e acidez.
Ele afirma que as análises patrocinadas pela associação servem como subsídio para o Ministério da Agricultura, que reforçou a fiscalização das indústrias depois do episódio de adulteração de leite cru em Minas Gerais.
Na eventualidade de serem encontradas marcas de leite fora do padrão, estas vão passar por nova análise por três meses seguidos. Serão coletadas quatro amostras de cada marca para que, se necessário, sejam feitas contraprovas.
A operação da Polícia Federal afetou a imagem de todo o setor de lácteos do país, mas uma das empresas mais atingidas foi a Parmalat. Apesar de a suspeita de fraude não se referir ao leite da companhia, as vendas do produto caíram. Além disso, os controladores - Laep Investments - atribuíram ao episódio uma captação de recursos abaixo do esperado no lançamento de ações na bolsa em outubro de 2007.
Veículo: Valor Econômico