Com mais de R$ 800 milhões no bolso, a Hypermarcas anunciou ontem sua primeira aquisição no ano: a linha de cosméticos infantis e juvenis Hydrogen, do empresário e apresentador de TV Silvio Santos. O negócio, de R$ 25 milhões fechado na última sexta-feira, inclui a marca e o portfólio com cerca de 80 produtos, como xampus e colônias, licenciados sob a marca Disney. Mas nem Silvio Santos e nem a Hypermarcas devem parar por aí. As duas empresas estão de olho em novas aquisições.
Em comunicado, a Hypermarcas informou que a compra da Hydrogen "complementa os investimentos da Hypermarcas na área de produtos de higiene pessoal". "A aquisição da Hydrogen marca a entrada da Hypermarcas no mercado infantil e juvenil de higiene pessoal", disse Claudio Bergamo, presidente da companhia, em nota oficial.
"Há tempos o grupo queria vender a Hydrogen porque o foco da empresa é venda direta e não o varejo", explicou Lasaro do Carmo Junior, diretor-geral da divisão de cosméticos do Grupo Silvio Santos, que agora fica responsável apenas pela marca Jequiti, criada em 2007. Segundo o executivo, as negociações entre as duas empresas se iniciaram em fevereiro deste ano.
Com perfumes inspirados no cantor Fábio Júnior e a menina Maísa como garota-propaganda, a Jequiti deve ganhar ainda mais espaço no mercado com a injeção de dinheiro que a venda da Hydrogen proporcionou, de acordo com Lasaro. "Devemos fechar em breve uma grande aquisição na área de cosméticos", disse ele. O valor do negócio deve superar os R$ 25 milhões fechados com a Hypermarcas e vai impulsionar os negócios da Jequiti, que no ano passado faturou R$ 52 milhões. A meta para 2009 é bater os R$ 180 milhões até dezembro - com um total de 112 mil revendedoras. "Até agosto já somamos R$ 120 milhões", diz o diretor. Há um ano, segunda Lasaro, a empresa tinha pouco mais de 21 mil representantes.
A Hydrogen, que havia sido comprada por Silvio Santos em 2006 da SSR Comércio de Cosméticos, faturou R$ 22 milhões no ano passado e deve terminar 2009 com vendas somando R$ 25 milhões. Toda produção é terceirizada. Sob o comando da Hypermarcas, pelo menos em um primeiro momento, a fabricação continua com as mesmas indústrias. Hoje, metade dos itens de beleza da Hypermarcas é fabricada por terceiros.
A aquisição, segundo Bergamo, contempla a estratégia de aquisições da Hypermarcas: produtos que possam ser comercializados tanto em farmácias quanto em supermercados - os dois canais de venda em que a empresa atua. Dona de marcas como Assolan, Monange, Risqué, Engov, Zero-Cal, Etti e Cenoura & Bronze, a Hypermarcas não fazia aquisições há um ano, quando comprou a Niasi por R$ 328 milhões. Formada por meio da compra de outras companhias, em sua história de apenas nove anos a Hypermarcas já coleciona a aquisição de 14 empresas e mais de 20 marcas.
Com mais de R$ 317 milhões em caixa e mais R$ 543 milhões provenientes da oferta de ações encerrada no fim de julho, a empresa ainda tem no mínimo R$ 800 milhões para gastar no mercado, comprando empresas. Especialistas do setor apostam que pelo menos mais quatro empresas deverão ser adquiridas nos próximos quatro meses. As mais cotadas são fabricantes de fraldas e de produtos ligados ao conceito de bem-estar, como barrinhas de cereais e produtos para dietas. A Hypermarcas, que teve lucro líquido de R$ 132,3 milhões no segundo trimestre do ano, atua nos segmentos de higiene e limpeza, beleza e higiene pessoal, alimentos e medicamentos.
Veículo: Valor Econômico