Se depender da fabricante de cosméticos L'Occitane, os suaves perfumes de lavanda e sálvia, típicos da região da Provença, sudeste francês, berço da marca, estarão cada vez mais presentes nas capitais nordestinas. Nove das 19 lojas que a empresa inaugura no Brasil neste ano fiscal (que termina em março de 2010) estão no Nordeste, cuja população responde por mais da metade do consumo de colônias no país. Mas a marca de cosméticos de luxo - que tem como carro-chefe um "leite firmador concentrado" de R$ 193 - também quer garantir espaço nas gôndolas do varejo em todo o país. Para isso, negocia a chegada das linhas de banho e fragrância L'Occitane às redes de farmácias. Completando a expansão dos canais de venda, a subsidiária planeja para 2010 o começo da sua operação de e-commerce.
Tudo isso para manter a taxa de crescimento de 30% prevista para este ano, fazendo com que a empresa atinja no país um faturamento superior a € 36 milhões (cerca de R$ 91 milhões). O salto é maior do que o do faturamento do grupo no mundo, que no último ano fiscal foi de € 560 milhões e deve crescer 15% este ano. O Brasil tem assim a chance de aumentar a sua atual fatia de 5% na receita global da L'Occitane, que se mostra especialmente interessada no mercado brasileiro, o quinto maior entre os 88 países onde o grupo está.
"O Brasil é o segundo maior mercado de cosméticos do mundo, só perdendo para os Estados Unidos, e é natural que a empresa queira aumentar a presença da marca aqui, onde está apenas há 14 anos", diz Anna Chaia, a nova diretora-geral da subsidiária brasileira da L'Occitane, que tomou posse ontem do cargo. Anna (ex-Swarovski, Whirpool e Natura) assume a direção no lugar de Silvia Gambin, a empresária que trouxe a marca para o país na metade dos anos 90. Silvia e o sócio Miguel Aschieri venderam as suas respectivas participações no negócio, que somam 20% do capital, para a matriz francesa da L'Occitane. Silvia agora vai se dedicar a prestar consultoria para o grupo na instalação de spas - uma ideia, por sinal, de sua autoria que foi adotada pela empresa no mundo.
"A marca vai implantar o conceito de 'petit spa' em algumas lojas, que terá um menu menor de opções de tratamento, além de aumentar as parcerias para implantar o spa L'Occitane em hotéis e resorts", afirma Silvia, que em breve deve inaugurar um spa da marca no novo hotel Yacamin, do grupo Odebrecht, em Ilha Bela (SP).
Nas farmácias, diz Anna, a L'Occitane pretende preencher, literalmente, o espaço deixado pela restrição à exposição de medicamentos, determinada recentemente por nova resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Já começamos a venda na rede Panvel, a maior do sul do país, em caráter de teste, e temos a certeza de que não podemos ficar de fora desse canal", diz Anna, que negocia a entrada da marca em outras redes, entre elas, a Onofre.
A L'Occitane Brasil deve fechar o mês de setembro com 43 lojas, sendo 31 próprias. Entre as novas lojas, a maioria será franquia. Para Anna Chaia, a marca tem potencial para chegar a 100 lojas em três anos. Em marketing e expansão, a empresa está investindo R$ 8 milhões, diz o gerente de marketing, Fernando Perfeito. "Vamos lançar uma linha em outubro que será a primeira certificada, no Brasil, pela europeia Ecocert", diz ele. O selo garante que o produto seja composto por 95% de ingredientes naturais e orgânicos. O executivo quer ainda dar impulso às vendas on-line. "A taxa de retorno das nossas ações de e-mail marketing, de 8% a 32%, indica o potencial desse canal", diz ele. "Afinal, quem não prefere tomar banho com aromas da Provença, em vez de sabonete à base de gordura animal?".
Veículo: Valor Econômico