Rede Roldão, de atacado, busca mais visibilidade

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Comércio: Alvo de aquisição, cadeia quer chegar a R$ 1 bilhão em vendas


 
Fundada há nove anos pelos irmãos Ricardo e Eduardo Roldão na Freguesia do Ó, na Zona Norte de São Paulo, a rede de lojas de atacado Roldão começou a ser vista como um cobiçado alvo de aquisição. Não faltariam pretendentes dispostos a pedi-la em "casamento", como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour, Walmart e Makro, avaliam fontes do setor.

 

Desde 2007, quando o Carrefour comprou o Atacadão e o Pão de Açúcar adquiriu o Assai, as demais redes de lojas de atacado passaram a ser vistas como fortes candidatas a "noiva", como dizem especialistas em aquisições.

 

Diante dos preços pagos pelo Atacadão e o Assai, os controladores das redes de atacado ou "atacarejo" (híbrido de atacado com supermercado) também deram-se conta que têm nas mãos um bom negócio. Pelo Atacadão, que faturava na época R$ 5 bilhões, o Carrefour desembolsou R$ 2,2 bilhões. Pelo Assai, cujas vendas giravam em torno de R$ 1,2 bilhão, o Pão de Açúcar pagou R$ 380 milhões.

 

Com dez lojas em São Paulo e vendas anuais estimadas entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões, o Roldão entrou no radar dos grandes grupos, que estão investindo em formatos para as classes C e D.

 

O Roldão pretende chegar a um faturamento anual de R$ 1 bilhão nos próximos dois anos, segundo fontes do setor, e acelerou seu ritmo de expansão. No ano passado, foram inauguradas quatro unidades. Até o fim deste ano, serão abertas mais duas, uma em Praia Grande e outra em Santos, as primeiras no litoral paulista.

 

Para os executivos do Roldão, porém, a venda da empresa é um assunto a ser evitado. "Se houve alguma proposta de compra, não temos conhecimento", diz Henrique Panetta, diretor comercial da rede, para quem não passam de "especulações" as informações de que a rede seria alvo de aquisição.

 

Outro tema causa mal-estar na empresa: chamar o Roldão de "atacarejo" é considerado uma ofensa. "Esse é um termo pejorativo. Somos uma rede de lojas de atacado", argumenta Panetta. Os "atacarejos" vendem as mercadorias das duas formas: em caixas para comerciantes ou em unidades para o consumidor final. "A nossa prioridade é a caixa fechada", diz o diretor comercial. Tanto é assim que a rede cobra mais pelas mercadorias fracionadas, afirma.

 

Antes de ser contratado pelos donos do Roldão, em 2007, Panetta passou pelo Makro e Carrefour. Assim como ele, outros profissionais estão à frente das áreas financeira, operacional, de tecnologia e recursos humanos da rede, algo que, até alguns anos atrás, era incomum para empresas familiares do mesmo porte. Ricardo Roldão ocupa a presidência mas compartilha as decisões com seu irmão.

 

"O nosso foco nesse momento é o crescimento", diz Panetta. Segundo ele, enquanto o Carrefour e Pão de Açúcar querem se expandir para todo o país, o Roldão quer ser uma rede regional. Para isso, além de acelerar a expansão em São Paulo, a rede iniciou este mês uma campanha com comerciais na redes Globo e Bandeirantes.

 

Outro passo importante foi a adoção neste ano do software de gestão SAP. A implementação do sistema é trabalhosa e pode é considerada um divisor de águas para empresas do porte do Roldão ao colocá-las no mesmo time dos grandes grupos. A partir de 2010, a empresa também planeja começar publicar balanços auditados.

 

Segundo executivos de firmas de consultoria e auditoria, as empresas familiares descobriram que poderiam valer bem mais se passassem por um processo de formalização antes de se sentar à mesa com possíveis compradores. São comuns os casos de companhias que desistiram de uma aquisição após a averiguação dos livros.

 

O pacote para se tornar uma empresa organizada inclui a auditoria dos balanços, a adoção de softwares de gestão e a contratação de profissionais para áreas críticas, como a financeira. O Roldão, ao que tudo indica, está seguindo o mesmo caminho.
 


Veículo: Valor Econômico


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