Jeans 'premium' dá sinais de ter superado a crise

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Moda: Grifes registram ritmo de vendas anterior a setembro e retomam planos para abrir lojas


  
De olho no consumidor que acredita que calça boa é calça cara, o setor de jeans premium, com preços a partir de R$ 500, refaz as contas e avalia que dá para crescer em 2009, mas sem o tom megalomaníaco dos dois últimos anos. "Quando a crise explodiu, em setembro do ano passado, passamos 15 dias de desespero, sem clientes na loja", diz Esber Hajli, que comanda a grife italiana Diesel, no Brasil. "Mas em maio alcançamos as vendas que tivemos em maio de 2008, o que é muito bom."

 

O mercado de jeans premium ia de vento em popa no Brasil, antes da crise estourar em 15 de setembro, com a quebra do banco Lehmam Brothers. Ainda assim, em outubro, a marca californiana 7 For All Mankind abriu sua primeira butique no shopping Iguatemi, em São Paulo. A grife, que fatura US$ 400 milhões, é uma das preferidas das brasileiras e vende calças jeans por um preço médio de R$ 900. "Acredito na expansão deste mercado, com o aumento da riqueza", diz André Piedade, responsável pela 7 For All Mankind no país. Ele negocia a abertura da terceira butique da marca, no Rio de Janeiro. A segunda será inaugurada na Villa Daslu, em outubro.

 

Refeita do susto de ficar duas semanas com vendas minguadas, a Diesel postergou a expansão para cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife, mas abriu, em maio, uma butique da marca de prêt-à-porter DSquared (do mesmo grupo), na rua Oscar Freire. Nessa loja, a meta de vendas já foi superada em 30% e Hajli mantém o plano de abrir uma loja em Brasília, quando o Iguatemi começar a funcionar na capital federal.

 

Com o momento ruim superado, até marcas nacionais ganham fôlego. Com quase três anos de existência, mais ainda pouco conhecida, a paulista John John investiu R$ 450 mil numa campanha publicitária com a modelo Fernanda Motta, veiculada em revistas de moda. "Este segmento está em crescimento", diz Alexandre Manetti, diretor marketing da John John. A empresa, que pertence à família dona da lavanderia industrial de denim Kennelan, de Tietê (SP), produz 67 mil peças anualmente. O ritmo de crescimento tem sido de 30%, a cada coleção. A previsão de faturamento para este ano é de R$ 9,5 milhões.

 

O foco da John John - que tem calças que variam entre R$ 420 e R$ 580 - são as lojas multimarcas chiques. Atualmente, está em 280, no Brasil. "Essa era a previsão para os primeiros cinco anos da marca, mas foi conquistado em menos de três", diz Manetti, que espera conquistar outros 50 pontos de venda, até 2010. A John John começa a delinear a estratégia de exportação. "A próxima coleção de inverno estará nas butiques Corso Como 10 e Biffi B., de Milão, e Cocon To Zai, de Paris", diz Manetti.

 

Lançada em janeiro deste ano, a RK Denim, do empresário Renato Kherlakian, ganhará o reforço de uma linha de couro, em 2010. "Couro e jeans formam uma dupla imbatível", diz Kherlakian, fundador da Zoomp - famosa marca de jeans vendida em 2006 e que passa por dificuldades financeiras.

 

A partir da próxima coleção de outono Kherlakian planeja incluir as primeiras peças masculinas da grife. Até o final do ano, a RK deverá estar em 130 pontos de venda (já conta com 100). "Agora quero um sócio-investidor para cuidar da gestão." A RK é dividida em três sublinhas, com produtos que variam entre R$ 350 e R$ 800. A mais sofisticada delas, a "Demi-couture" usa denim especial e tem costura interna invisível. Alguns modelos trazem, barra italiana, drapeados e forro interno feito de cetim.

 

"O acesso aos jeans premium vai aumentar", diz Alexandre Dominguez, dono da multimarcas Jeans Hall, focada em grifes importadas. Aberta no shopping Iguatemi em 2004, a butique tem uma filial no shopping Leblon, no Rio, e outra prevista para abrir em Belo Horizonte ainda em 2009.
 

 
Veículo: Valor Econômico


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