Leilão de trigo anima o setor e traz os investimentos de volta

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O governo realiza hoje o primeiro e aguardado leilão de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) para o trigo. O mecanismo deve dar fôlego à cadeia deste cereal, que tenta retomar os investimentos no setor. A dificuldade de comercializar o produto levou os produtores da Corol Cooperativa Agroindustrial a iniciarem a construção de um moinho próprio que será finalizado nos próximos dias. O empreendimento, com capacidade instalada para processar 128 mil toneladas ao ano, recebeu investimento da ordem de R$ 36 milhões.

 

A nova fábrica terá uma estrutura de 12 mil metros quadrados, distribuídos em sete andares, e será anexa ao graneleiro de Rolândia, no Paraná, que também passou por melhorias.

 

Segundo informações da empresa, o moinho produzirá farinhas especias e comuns, que irão abastecer indústrias alimentícias, panificadoras e supermercados da região Sul. Os subprodutos serão destinados às fábricas de rações para animais.

 

As grandes moageiras também estão voltando a investir. A Anaconda, uma das maiores do segmento no País, irá comprar o trigo orgânico no Paraná com o objetivo de abrir novas fatias de mercado com produtos diferenciados. De acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (Seab), o interesse foi manifestado pelos diretores do moinho, Glenio Antonio Nogara Mario, de São Paulo, e Conrado Mariotti Neto, que estiveram em Curitiba na última semana. A intenção é iniciar o plantio já na próxima safra 2010. Segundo Valter Bianchini, secretário da Agricultura, as condições em que vão se desenvolver essa parceria entre moinho e produtores ainda serão discutidas. "Os diretores do moinho sinalizaram pagar um preço diferenciado e garantir a compra de toda produção", disse.

 

A Multigrain também está retomando os investimentos e irá reativar o moinho localizado em Cuiabá, no Mato Grosso. A planta que já começa a operar no mês de novembro, tem capacidade de moagem de 150 toneladas por dia e consegue abastecer quase 30% da demanda do estado.

 

Mercado

 

De acordo com análises do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a divulgação do esperado leilão de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) para o trigo, que será realizado hoje, reforçou a lentidão dos negócios no mercado de pronta-entrega. "Apesar disso, após algumas semanas fora do mercado, parte das empresas consultadas pelo Cepea voltou a sinalizar preços", ressalta Lucilio Alves, pesquisador do Cepea.

 

O mercado começa a dar sinais de recuperação. Além dos fundamentos, como o clima nos Estados Unidos, o leilão para subvencionar o escoamento de 182 mil toneladas deve ajudar a equilibrar os preços. O mecanismo é direcionado a compradores de trigo (indústrias moageiras ou comerciantes) que adquirem do produtor ao preço mínimo e comprovam o escoamento para outras regiões. Nesta operação, o governo oferece um prêmio para ajudar o comprador a escoar o produto. Assim, após pagar o preço mínimo, o prêmio faz com que o custo ao comprador fique abaixo deste valor e a comercialização tende a se dinamizar.

 

Outro fator de colaboração para os preços internos, destacado pela Gerência de Estudos Técnicos e Econômicos da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), é o fato de a paridade externa ter se tornado mais favorável ao mercado brasileiro do trigo nos últimos dias, com os preços externos mantendo uma recuperação superior à queda doméstica do dólar. "As cotações em Chicago alcançam os melhores níveis desde julho, com o contrato de dezembro de 2009 a aproximadamente US$ 200 a tonelada. As chuvas constantes nos Estados Unidos vão sustentando a alta externa", avalia Adriano Vendeth, analista de mercado de trigo feita da Faeg.

 

A alta dos preços no mercado norte-americano deve retardar a adoção da isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) pelo governo brasileiro. Após reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), realizada ontem, Reinhold Stephanes, ministro da Agricultura, disse que o governo adiou mais uma vez a decisão sobre taxar a importação de trigo de países fora do Mercosul. Segundo ele, as importações de trigo em outubro foram inferiores a 300 mil toneladas, sinalizando que os estoques estão diminuindo.

 


Veículo: DCI


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