Prazo maior do IPI leva euforia para o varejo

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Com a prorrogação da redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), o varejo brasileiro acaba de vencer mais uma batalha, que aumentará ainda mais as vendas de final de ano, época de ouro para o comércio brasileiro, agora com ânimo ainda mais renovado para as vendas de Natal. Os itens mais comprados com a redução são: fogões, refrigeradores e máquinas de lavar, e a perspectiva das redes é de uma alta de até 30% na venda desses itens, para o fim ano.

 

A presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) Luiza Trajano [do Magazine Luiza], garantiu ontem que os lojistas têm reduzido os juros dos produtos da linha branca. Ela participou do anúncio do governo sobre a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para produtos do setor que consomem menos energia elétrica.

 

Para ela, a medida garantirá as vagas de emprego já geradas na indústria, e viabilizará aumento de 10 a 15% na contratação de temporários no varejo. Atualmente, grande parte dos produtos disponíveis no mercado possuem o selo A (de menor consumo) do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). A decisão incentivará a indústria a produzir equipamentos com eficiência energética. Segundo a dona do Magazine Luiza, a maioria das lojas está vendendo os produtos em 10, 12 e até 17 vezes sem juros. "É lógico que tem um pouco [de juros], mas não dá 6%. Não dá mais que 1%", afirmou. Ela disse também que o mercado é competitivo e o consumidor está bem informado na hora da compra, além de encontrar uma oferta muito grande de produtos da chamada linha branca. "Não temos interesse [de encarecer o produto], pois com valor maior os consumidores não compram. Somos todos amigos, mas cada um quer vender mais."

 

Líder na venda de eletroeletrônicos e móveis, a Casas Bahia informou que, com a prorrogação do IPI, as vendas dos produtos de linha branca devem manter o crescimento na casa de dois dígitos, com exceção dos itens que têm selos C e D, que não são beneficiados da mesma forma. No terceiro trimestre deste ano, por exemplo, a venda de refrigeradores cresceu 31% em comparação com o mesmo período de 2008.

 

A prorrogação é apoiada pela rede, que lamenta que dure só 90 dias. "Ideal seria que se estendesse por mais tempo para que a indústria fornecesse e produzisse mais produtos com consumo menor de energia, que são os mais beneficiados pela nova prorrogação do imposto, e para que esses produtos fossem mais acessíveis também para as classes mais baixas, que são o público-alvo da Casas Bahia", disse a empresa, via comunicado.

 

Já a Cooperativa de Consumo (Coop), que este ano viu as vendas na área de linha branca saltarem em torno de 30%, comemora a prorrogação da redução do imposto, e prevê consolidar a alta de 30% desses produtos neste final de ano. Depois da redução do IPI, na comparação entre maio deste ano com igual período de 2008, as vendas de linha branca cresceram 80% graças ao Dia das Mães, a segunda melhor data para o varejo, depois do Natal.

 

Em entrevista ao DCI, Edson Rodrigues, gerente de Compras da Coop, afirma que o principal efeito da medida será na reposição de itens "Vai afetar mais para a frente, pois as empresas garantem as compras de Natal com três meses de antecedência", conta.

 

Cautela

 

Cauteloso com a notícia da prorrogação da redução integral do IPI por mais três meses, apenas para "produtos ecológicos" da linha branca, o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alencar Burti, afirma que a decisão do governo revela "receptividade", mas "falta de entendimento sobre a repercussão da decisão".

 

"Se o governo tivesse mantido a redução do IPI para todas as linhas nesta época do ano, a confiança, as vendas e a arrecadação também seriam maiores", enfatizou. Agora, com essa decisão, acrescentou Burti, todos vão pensar duas vezes no futuro. "E, como a maior recuperação da economia ocorrerá em 2010, essa decisão vai gerar dúvidas no consumidor", concluiu.

 

Supermercados

 

O setor supermercadista, que viu suas vendas reais subirem 6% mês passado, em relação a setembro de 2008, também comemora a redução do imposto, e acredita que isso poderá alavancar ainda mais as vendas de fim de ano.

 

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, o setor continua aquecido, apesar de ver queda de 4% em setembro, ante agosto. Prova disso é que no acumulado dos nove primeiros meses do ano, o indicador aponta alta de 5,37% nas vendas, sobre igual período de 2008. Os números estão deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

 

O valor da cesta de 35 produtos considerados de largo consumo, medido pela Abras e pelo GfK, registrou queda de 0,35% em setembro ante agosto, para R$ 259,33. Já em relação a setembro de 2008, houve alta de 2,91%.

 

Os produtos da cesta que registraram as maiores altas em setembro ante agosto foram sal (8,3%), batata (7,1%) e açúcar (7,2%). As maiores quedas foram frango congelado (7,4%), leite longa-vida (5,4%) e creme dental (4,4%)

 

De acordo com a Abras, o fechamento das vendas até setembro, com alta de 5,37%, somadas as perspectivas macroeconômicas positivas e de festas de fim de ano, favorecem a possibilidade de fechar o último trimestre com bons índices de vendas.

 

Veículo: DCI


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