Chuva reduz safra de cafés especiais do Brasil em 2009/10

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Grãos: Clima adverso na colheita poderá comprometer até 10% do volume da produção de alta qualidade


   
O avanço dos cafés especiais no Brasil será limitado nesta safra 2009/10 pelas chuvas fora de época que atingiram os cafezais das principais regiões produtoras do país. Os grãos de alta qualidade continuam em plena expansão, com forte demanda no mercado interno e também externo, mas a oferta nesta safra poderá se reduzir em 10% por conta dos problemas climáticos.

 

Importantes regiões produtoras do país, como sul de Minas, Alta Mogiana paulista e norte do Paraná foram afetadas pelo clima chuvoso durante a colheita do grão, o que afeta a qualidade do produto final, de acordo com fontes consultadas pelo Valor.

 

A produção de cafés especiais está estimada em 5 milhões de sacas, ou 5% da oferta total, dependendo da bianulidade da safra do grão. Enquanto o consumo de café convencional no país cresce a uma taxa de 5% ao ano - até setembro o aumento foi de 8% (ver matéria ao lado). Já a demanda pelos grãos de alta qualidade, que crescia a uma taxa de 20% ao ano, deverá se consolidar entre 10% e 12%.

 

Segundo Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café), as chuvas atrapalharam uma boa parte da safra de café e comprometeram a produção do grão especial.

 

"As chuvas não reduzem a produtividade, mas comprometeram os volumes de grãos especiais, que na região de Alta Mogiana deverão cair em 30%", afirmou Gabriel Oliveira, fundador e tesoureiro da Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana, com sede em Franca SP, e atuação em 15 municípios.

 

A produção deste ano para a região da Alta Mogiana é aproximadamente 1 milhão de sacas, numa região com 50 mil hectares com café plantados. Oliveira ressalta que a região está entre as melhores na produção de grãos especiais, com sacas de café negociadas a R$ 1.010.

 

A Ipanema Coffees, uma das mais tradicionais produtoras de cafés especiais do país, também sentiu os efeitos do clima na qualidade dos grãos. "Esta foi uma das piores safras dos últimos anos [em termos de qualidade]", afirmou Washington Rodrigues, presidente da companhia.

 

Para expandir a produção no país, sem comprometer a qualidade, a Ipanema está se associando a fazendas produtoras de café interessadas em seguir o padrão de qualidade da companhia. Já são cinco fazendas comprometidas, três delas na região mineira de Poços de Caldas.

 

De acordo Rodrigues, nesta safra 2009/10 a Ipanema terá uma produção própria de 110 mil sacas de 60 quilos e outras 30 mil sacas nas fazendas parceiras. "A intenção é aumentar as parcerias e os volumes dos grãos de qualidade", afirmou ele.

 

Os grãos de qualidade têm, em média, um valor 30% maior em relação aos grãos convencionais, atualmente entre R$ 270 e R$ 275 a saca, segundo o Escritório Carvalhaes, de Santos (SP).

 

Os preços internacionais do grão convencional devem se manter firmes em 2009/10, à medida que o consumo está firme e as estimativas apontam queda na produção global, disse o diretor-executivo da Organização Internacional de Café (OIC) nesta segunda-feira, à Reuters. "Há um risco de que as recentes chuvas possam ter afetado a qualidade da safra assim como a florada na safra 2010/11."
 


Consumo total cresceu 8% até setembro

 

Contrariando as expectativas das indústrias, que estimavam um tímido crescimento de, no máximo, 3% em 2009, o consumo nacional de café segue firme este ano. De janeiro a setembro, as vendas internas de torrado e moído subiram 8% sobre o mesmo período de 2008. "Acreditamos que o fechamento do ano será surpreendente", afirmou Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café).

 

No ano passado, o consumo total fechou em 17,2 milhões de sacas de 60 quilos. Para este ano, a expectativa é de que os volumes vendidos atinjam até 18,5 milhões de sacas. O levantamento da Abic foi realizado junto a 60 empresas torrefadoras do país, de pequeno a grande porte.

 

Com a crise financeira que atingiu diversos setores de economia, as torrefadoras revisaram para baixo suas projeções para o encerramento do ano. No café, não foi diferente. "Ficamos surpresos com o resultado [crescimento]", disse Herszkowicz.

 

De acordo com o diretor da Abic, os volumes vendidos fora do lar continuam aquecidos, mas as vendas do varejo também ajudaram a fazer a diferença.

 

A Abic começou a mapear a produção de cafés especiais no país, em 18 regiões mais tradicionais. A primeira edição do guia Abic de Cafés de Qualidade do Brasil será lançado oficialmente durante a semana do 17º Encafé (Encontro Nacional da Indústria do Café), que ocorre entre os dias 18 e 22 de novembro, na Bahia. Durante esta semana será discutida também a expansão dos grãos certificados. (MS)
 

 

Veículo: Valor Econômico


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