Varejo mantém projetos para o próximo ano

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Há uma onda de alertas em diversos setores da economia, e também entre as redes varejistas, sobre os impactos da crise internacional no próximo ano, mas vários ramos do comércio varejista e da área de prestação de serviços, parecem não ver com tanta preocupação a instabilidade que tem sido verificada na economia da zona do euro e dos Estados Unidos, no sentido de causar reflexos ao Brasil no próximo ano. Ao contrário, algumas redes mantêm projeções de crescimento de até 15%, como é o caso do Grupo Ornatos, proprietário de marcas famosas no setor de franquias, como Morana, Balonè e Jin Jin Wok.

Segundo Jae Ho Lee, presidente do Grupo Ornatos, com a crise externa acentuada é provável que o governo vá incentivar o crescimento do mercado interno, por exemplo, com a redução de juros, para compensar os efeitos da crise internacional. "Acredito que cresceremos 25% este ano, como estamos vindo de um ritmo de crescimento dos anos anteriores. As entregas de shopping centers não se alteraram em nada, continuamos crescendo", ressaltou, sem esquecer de dizer que o foco continuarão sendo as Regiões Norte e Nordeste, "onde estão as maiores oportunidades de crescimento", comentou ele.

Opinião semelhante tem o presidente da Associação Brasileiras dos Supermercados (Abras), Sussumu Honda, para quem a instabilidade econômica desses mercados não representa uma nova crise, mas a continuidade da crise instalada no final de 2008 e que ainda tem reflexos.

De acordo com ele, é preciso lembrar do impacto de dois anos atrás, quando a crise começou a ser deflagrada, e do modo como o mercado vivenciou na época a situação, que tem reflexos até 2010. "Em 2008 permitiu-se a quebra de um grande banco americano e isso desencadeou um processo que foi afetando as economias a nível global. Nós estamos num processo muito parecido, só que agora estamos falando de países da zona do euro.

Os EUA estão com uma demora muito grande de recuperação da sua economia, a que mais consome no mundo, mas, diferentemente do que foi verificado em 2008, o mercado caminha para uma solução e os bancos centrais em nível mundial não devem deixar acontecer o que ocorreu em 2008", analisa.

No caso do Brasil, Honda acredita que o governo tem adotado medidas para controlar a situação, além de o Brasil ter deixado de ser um país pobre para ser de maioria de classe média.

"Nós estamos falando de 65% da população numa classificação de classe média. Isso impõe novas responsabilidades em termos de produção e novas responsabilidades internas de distribuição já que você constata um mercado mais massificado de consumo, então é importante que as indústrias tenham uma produção perene", argumentou. Para ele, nós não podemos viver em ciclos mais alternados de produção, "e a produção tem que estar mais perene para abastecer e para que possa ter excedente exportável".

Sussumu Honda ressalta que com a melhoria da renda da população o consumo interno vai continuar elevado, sem mudanças significativas aos supermercados em 2012, mesmo com a instabilidade econômica nos mercados globais. Para Honda, o Brasil pode se considerar o maior exportador de algumas commodities alimentares, com eficiência grande de produção.

Vestuário

No ramo de vestuário, a análise é mais crítica sobre o cenário macro. Subsidiária da Nike, Inc. e ícone no universo sportswear, a Umbro Brasil acredita que quando nos deparamos com uma crise desta proporção é normal observar que os consumidores ficam mais reativos e passam a controlar mais seu orçamento.

O consumidor fica inseguro. Sylvio Teixeira, porém, diretor da empresa, considera que como em 2010 o Brasil se saiu bem em termos macroeconômicos, além de ter sido um ano excelente, com Copa do Mundo, as expectativas ainda estão muito boas. "Já contabilizamos um crescimento de 17%, mas sabemos que este é um resultado particular da Umbro, que vem galgando posições no mercado de calçados para futebol. No ano passado éramos a quinta empresa do segmento, e agora e somos líderes em venda de tênis para futebol no Brasil."

Para 2012, a expectativa de crescimento é um pouco menor, de 10%. "Já fazemos previsões contando com os índices que inflação que o mercado vem prevendo. Por enquanto não vamos rever nosso budget [orçamento]. O aumento do dólar, entretanto, gera aumento de custos, e empresas de todos os segmentos farão o repasse destes custos ao consumidor em algum momento. Se não for este ano ainda, será no início do ano que vem", acredita Teixeira. No País, hoje, a Umbro no segmento de calçados trabalha com três fábricas, entre a Bahia e o Rio Grande do Sul.

Brinquedos

Mesmo com o aumento do dólar, o impacto da crise externa não deverá afetar uma área que tem forte destaque nas vendas de fim de ano: a de brinquedos. "Em geral, as empresas já estão com os estoques no Brasil, e o aumento do dólar não irá afetar os custos ou os preços ao consumidor. Tanto que estamos trabalhando com uma expectativa de crescimento de 10 a 15% em relação ao ano passado", destacou ao DCI o presidente da Brinquedos Estrela, Carlos Tilkian. De acordo com ele, a expectativa para 2012 é de cautela. "No momento estamos trabalhando para um crescimento de 10% em 2012, mas certamente até o final do ano, em função das variáveis econômicas, deveremos rever este índice", declarou ele.

Por acreditar que o Brasil apresenta condições macroeconômicas favoráveis em razão de seu mercado interno forte, além das reservas cambiais expressivas, Ernesto Brezzi diretor do Grupo Top Clean, holding de multisserviços, afirma que a perspectiva da empresa é crescer 15% nos negócios este ano, mesma projeção feita para 2012. Ele explica que o Brasil deve continuar crescendo por ter uma economia relativamente autônoma e vir apresentando esse desempenho em vários momentos de incerteza econômica externa.


Veículo: DCI


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