Com o crescimento de 11,48% nas vendas do mês de outubro o setor supermercadista demonstra que ainda está imune aos efeitos da crise financeira internacional. "O primeiro trimestre de 2009 é que começa a preocupar", afirma o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda.
Ao contrário dos setores que dependem de crédito para estimular suas vendas, o setor supermercadista é muito mais sujeito à renda do consumidor. "Esse é um dos fatores pelos quais estamos conseguindo manter as vendas em crescimento", afirma Honda. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o rendimento domiciliar per capita cresceu 7,9% em outubro ante o mesmo mês de 2007.
A preocupação da entidade para o próximo ano é uma queda no nível de emprego, o que afetaria rendimentos e, por conseqüência, as vendas dos supermercados.
O crescimento surpreendeu a Abras e a performance de outubro levou o setor ao seu melhor resultado no acumulado de janeiro a outubro dos últimos seis anos: um crescimento de 9,19%, contra os 6,24% registrados no mesmo período de 2007, até então a melhor performance desde 2003. "Este ano tem sido muito bom desde o começo", diz Honda. E deve terminar bem. A expectativa da entidade é que o setor mantenha as vendas em alta até dezembro, registrando um crescimento por volta de 9% no ano. O faturamento deve chegar a perto dos R$ 150 bilhões em 2008, contra R$ 136,3 bilhões registrados em 2007.
Para o mês de dezembro, a Abras estima um crescimento de 10%. Uma pesquisa realizada pela entidade com varejistas do setor mostra otimismo dos supermercadistas com o final de ano. De acordo com o estudo, a expectativa dos empresários é de um crescimento de 14% nas vendas da semana que compreende Natal e Reveillon em relação ao mesmo período de 2007.
O levantamento, feito entre os dias 17 de outubro e 14 de novembro, em 500 redes de supermercados, mostra que 71% delas elevaram os pedidos para as vendas de Natal. Apenas 5% das empresas entrevistadas esperam vendas cerca de 4% inferiores às registradas no Natal de 2007.
O Wal-Mart, por exemplo, espera vender até 20% mais itens de Natal deste ano do que no mesmo período do ano passado. Segundo a varejista, grande parte dos produtos foi negociado com o dólar em cotação baixa , o que vai garantir preços baixos.
Neste ano, um dos focos da empresa é a área de não-alimentos, com os produtos de informática como notebooks, home theaters e peças de vestuário, por exemplo.
O setor de eletrônicos também é uma das apostas do Carrefour no Brasil. A empresa está estimando um crescimento de 14% nas vendas de Natal e de 40% somente no segmento de eletrônicos. Já o Grupo Pão de Açúcar está estimando um crescimento de 30% nas vendas de produtos sazonais.
De acordo com a pesquisa, 55% das empresas entrevistadas elevaram em 9% as encomendas de peru, e 38% elevaram em 10% as de bacalhau. O estudo mostra ainda que 57% das empresas vão contratar mão-de-obra temporária para o período: 11 mil vagas adicionais nos supermercados.
Veículo: Gazeta Mercantil