As redes supermercadistas de médio porte regionais começam a se organizar em busca de sobreviver à concorrência das grandes bandeiras que atuam nesse nicho. Além das lojas em formato hiper e super, esses players têm apostado nas operações de atacado e varejo, o popularmente conhecido "atacarejo", para ampliar a sua participação no mercado, e as constantes transformações que impactam o setor.
Prova disso é que a varejista francesa Carrefour apostou na sua bandeira Atacadão na Região Nordeste, fazendo com que as empresas regionais, entre as quais o Grupo Mateus, líder local, se movimentassem para sobreviver à concorrência. A empresa abriu uma operação atacadista próxima à loja de sua rival, em Maceió (AL), onde o Carrefour só opera por meio de atacado.
A explicação desse fato, segundo Sussumu Honda, da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) - em sua última participação como presidente da entidade - é a mudança de comportamento do consumidor brasileiro. "Pesquisa realizada pela Abras e pela Nielsen aponta que mesmo com um consumidor mais exigente e disposto a experimentar novos itens, o preço ainda é o que influencia o cliente na hora da compra", explicou ele.
Ainda segundo o especialista, todos os maiores players do País possuem operações na área de atacarejo, lembrando que o Grupo Pão de Açúcar tem o Assaí e o Walmart tem a bandeira Maxxi Atacado. Outro fato considerado impulsionador dessa movimentação é a mudança constante do hábito de consumo da população.
Olegário Araújo, chefe de Negócios de Varejo da Nielsen, destaca a mudança de patamar social, onde as classes A, B e C ainda são potenciais. Há, ainda, a divisão C1, que aspira ao consumo da B, e C2, que acabou de migrar da D e os novos consumidores que têm abraçado essa operação, considerada mais barata. "Pesquisas indicam que 32% das casas brasileiras realizaram ao menos uma compra nos atacadistas. Vale ressaltar que, mesmo com a movimentação no nordeste, São Paulo, até o presente momento, é o local em que as vendas são maiores: 50% das transações", disse Araújo.
O especialista enfatizou que embora o consumidor queira experimentar mais, e ter acesso ao que não tinha antes, o preço ainda é o fator determinante na decisão de compra e do local em que ela será realizada. "Eles querem economizar", enfatizou.
A perspectiva da Abras é que o atacarejo seja o responsável pela estabilidade das vendas deste ano. Para 2013, a expectativa é setor estável crescendo entre 5% e 6% no período.
Índice mensal
As vendas do setor supermercadista registraram alta de 2,38% em outubro em relação ao mesmo período de 2011, de acordo com o Índice Nacional de Vendas divulgado ontem pela Abras. Na comparação mensal, o indicador apresentou elevação de 2,20%. De janeiro a outubro deste ano, as vendas dos supermercados subiram 5,18% ante igual intervalo de 2011.
Em valores nominais, o índice de vendas da Abras apresentou crescimento de 8,02% em outubro na comparação com outubro de 2011 e 2,8% ante setembro deste ano. No acumulado dos dez primeiros meses - janeiro a outubro -, o índice nominal registra alta de 10,81% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Segundo o presidente da Abras, Sussumu Honda, o crescimento da renda da população ajudou o desempenho do consumo e deve colaborar para o incremento do faturamento dos supermercadistas neste fim de ano.
De acordo com o Índice Nacional de Volume, pesquisado pelo instituto Nielsen para a Abras, o autosserviço brasileiro apresentou ligeira queda de 0,2% entre janeiro e outubro, se comparado com o volume de vendas em igual período de 2011.
Nos dez primeiros meses do ano passado, o volume cresceu 2% sobre o mesmo intervalo de 2010. Com exceção da cesta de bebidas não alcoólicas, que apresentou crescimento de 1,5%, limpeza caseira, com 0,1%, e bebidas alcoólicas, que ficou estável, todas as outras tiveram pequena redução no volume de vendas. São elas: mercearia doce (-0,1%), perecíveis (-0,4%), mercearia salgada (-0,6%), higiene e beleza (-1,4%) e a cesta "outros" (-2,9%).
Internacional
O Carrefour afirmou ontem que as vendas em suas operações na China pararam de cair nos últimos dois meses e deverão subir em 2013, segundo reportagem do jornal francês Le Figaro, que citou declarações do executivo-chefe da empresa, Georges Plassat.
As vendas do Carrefour na China tiveram queda de 5,7% nos nove meses deste ano, com base em um número constante de lojas. Plassat disse ao jornal francês que a empresa planeja abrir 24 hipermercados na China em 2013, depois de ter aberto 21 ao longo deste ano. As informações são da agência de notícias Dow Jones.
Veículo: DCI