Maior rede de varejo da América Latina, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) entregou alguns dos resultados previstos para o ano passado, ao registrar vendas brutas de R$ 52,6 bilhões em 2011, expansão de 45,8% em relação a 2010, informou ontem a companhia. A varejista esperava alcançar volume superior aos R$ 50 bilhões e analistas estimavam valores entre R$ 52 bilhões e R$ 53 bilhões. Ontem, as ações da empresa fecharam com elevação de 2,10% na Bovespa, a quarta maior alta do dia.
"Estamos entregando os resultados prometidos e, com isso ganhando participação de mercado das redes informais e de nossos maiores concorrentes", disse Hugo Bethlem, vice-presidente executivo do GPA.
O desempenho de Globex, que reúne as operações de Ponto Frio e Casas Bahia, também ficou em linha com as estimativas do mercado. E os negócios no varejo eletroeletrônico tiveram relação direta com o crescimento na receita do grupo no ano passado.
Numa análise por atividades do grupo, enquanto Globex vendeu R$ 24,2 bilhões no ano passado, com alta de 142,2% em relação a 2010, o GPA Alimentar registrou receita de R$ 28,4 bilhões - equivalente a 54% da venda total do GPA no país - com expansão de 8,8%. Ou seja, a diferença entre os dois negócios é de cerca de R$ 4 bilhões. Há um forte efeito Casas Bahia nos números do ano passado, já que o desempenho da varejista passou a ser incluído no balanço apenas em novembro de 2010.
Pela leitura feita no mercado, algumas iniciativas da direção no segundo semestre de 2011, na tentativa de recuperar parte do fôlego perdido nos supermercados em meados do ano passado, garantiram resultados dentro da meta esperada. Mudanças aceleradas no formato de atacado do Assaí, as rápidas conversões de lojas em novos formatos e ações específicas para trazer clientes para dentro dos pontos são questões citadas pelos analistas. O balanço de 2011, que fornece dados ligados à rentabilidade da operação, será apresentado pelo GPA em março.
De acordo com os números apresentados ontem, de outubro a dezembro as vendas brutas dos pontos abertos há mais de 12 meses do GPA Alimentar - que incluem os supermercados, hipermercados, postos de gasolina, drogaria e atacarejo - cresceu 8,7%. No trimestre, em termos reais, ou seja, valor deflacionado pelo IPCA, a alta foi de 2%. Essa taxa estava em 1,2% no trimestre anterior. "O melhor resultado do quarto trimestre no segmento alimentar demonstra que as conversões feitas ao longo de 2011 foram positivas e já resultaram em maior rentabilidade para a companhia, com aceleração do crescimento nas vendas em lojas comparáveis (same store sales) do segmento alimentar em relação ao terceiro trimestre", informa a Ativa Corretora, em relatório.
Na avaliação dos analistas Leonardo Zanfelicio e Karina Freitas, da Concórdia Corretora, foi um bom ano para o GPA e isso pode ser explicado, em parte, pelo fato de a companhia não ter mostrado desaceleração acentuada nas vendas para o critério mesmas lojas, como os especialistas esperam que aconteça com parte das redes varejistas no país - como reflexo da diminuição no consumo. A corretora manteve a recomendação de compra para as ações do grupo, com preço-alvo de R$ 80,26 e potencial de valorização de 15,5% em relação fechamento de ontem.
Um dos relatórios de análise citou uma leve redução na intensidade da alta no índice de vendas brutas (mesmas lojas) do GPA consolidado, que soma as vendas do braço alimentar e da Globex. De outubro a dezembro, essa taxa cresceu 8,5%, sendo que no terceiro trimestre, a alta foi de 9,5% e no segundo, de 10,1%.
"O desempenho consolidado do grupo mostrou leve desaceleração em 2011 em relação aos nove primeiros meses de 2011, porém acima das expectativas, que já contavam com desaceleração maior no crescimento das vendas", informa em relatório a Ativa. É possível que isso reflita a perda de fôlego da inflação, que tem impacto na venda não deflacionada, e também a queda do IPI, que reduziu preço dos eletrodomésticos em até 15%.
Veículo: Valor Econômico